Finalista do Prêmio Jabuti em 2021, com sua versão em e-book, o livro África Brasil: um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver, de Kamille Viola, ganhou a aguardada versão física, que terá lançamento no Rio de Janeiro no dia 2 de agosto, às 19h, na Livraria da Travessa do Leblon. Além da sessão de autógrafos, o evento terá um bate-papo da autora com Dom Filó, figura seminal do Movimento Black Rio e idealizador do Cultne, maior acervo audiovisual de cultura negra da América Latina.
Mais do que apenas avaliar o álbum que dá nome à publicação, um dos mais marcantes da carreira de Jorge, o livro percorre a vida e a obra do artista até culminar em África Brasil, lançado em 1976, abordando temas como a exaltação à negritude (e, em especial, a mulher negra) em sua obra, os estereótipos raciais associados ao cantor e compositor durante ao longo de sua carreira, e as influências e referências de sua música — da alquimia às obras do escritor russo Dostoiévski —, jogando luz sobre a construção intelectual por trás da obra desses que é um dos artistas mais importantes da MPB.
O livro é parte da coleção Discos da Música Brasileira, das Edições Sesc, com organização do jornalista Lauro Lisboa Garcia. “A ideia inicial era me debruçar sobre o África Brasil, que é um disco muito importante na carreira do Jorge: foi nele que ele trocou definitivamente o violão pela guitarra, mudando completamente sua sonoridade”, comenta Kamille Viola. “Mas eu já tinha uma longa pesquisa sobre ele e, na ausência de uma biografia dele, a escrita foi me levando a mostrar toda a trajetória dele até 1976, quando ele lança esse disco”, diz.
A obra também desvenda antigos mistérios sobre Jorge Ben Jor, como seu verdadeiro sobrenome e sua verdadeira idade, já que a autora encontrou seu registro civil. E resgata histórias saborosas, como quando o produtor que lançou Bob Marley se encantou com o brasileiro e quis lançá-lo para o mundo, o segredo que Jorge criou em torno das identidades das musas Domingas e Teresa, os namoros com mulheres famosas e o plágio sofrido pelo cantor e compositor, de um grande nome da música mundial.
África Brasil: Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver também mostra a influência do artista sobre as gerações seguintes, trazendo entrevistas com nomes como Gilberto Gil; Dadi Carvalho, baixista Novos Baianos, que tocou com Jorge (inclusive no álbum África Brasil); Marcelo D2; BNegão; Jorge du Peixe e Lúcio Maia, da Nação Zumbi; e Mano Brown, em uma emocionante entrevista que fala sobre o impacto que o cantor teve não só na formação musical do rapper, mas em sua autoestima.
“A gente mora num país negro onde a maioria dos artistas (de sucesso) era branco. O Jorge Ben sempre foi inspirador. Em vários momentos. Nem sempre só para poder trabalhar, só pra usar (como sample) ou cantar. Para ouvir e para viver, que é a melhor coisa. Quando eu passei a fazer música, passou a fazer parte da minha música também. Isso aí ia ser óbvio. Influência direta. Porque a gente escreve rap em português. Não tivemos aquela escola, a gente não teve acesso ao que os negros americanos falavam, a gente não sabe o que eles falavam. A gente imagina o que eles falavam. Mas o Jorge Ben, eu sei exatamente do que ele tá falando”, conta Brown na obra.
Criador de uma sonoridade única, que conquistou admiradores no Brasil e no mundo, o cantor e compositor foi regravado por lendas como Ella Fitzgerald e Dizzy Gillespie, entre muitos outros grandes nomes. Hoje o livro biográfico mais completo sobre Jorge Ben Jor, um dos artistas mais discretos e misteriosos da música brasileira, África Brasil: Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver,ao contar e analisar sua trajetória artística de maneira inédita, mostra a real dimensão de sua importância não só na música, mas na história do país.
Na imprensa:
“Mais do que desvendar o personagem, ela redimensiona o artista. (…) Entre muuuitas coisas, ela descobriu a idade dele, nascido em 1939 e não em 1945, como se pensava. Em recortes de jornais, e nas entrevistas, feitas com Gilberto Gil, Caetano Venoso, Mano Brown, Marcelo D2, BNegão e muitos mais, ela vai formatando a estatura de Jorge, que influenciou o samba, o tropicalismo, o rock, o rap, o manguebeat… Sem falar em sua importância para a afirmação do negro brasileiro.” – Juarez Fonseca, Zero Hora
“O recém-lançado livro sobre o 14º álbum de Jorge Ben Jor – África Brasil, disco digno de figurar em qualquer antologia fonográfica nacional – oferece mais do que promete. (…) Embora importante, a questão da idade é menos relevante do que o voo musical de Ben Jor, captado em toda a amplitude pela autora.” – Mauro Ferreira, G1
SERVIÇO:
Lançamento o livro África Brasil: Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver, de Kamille Viola
Quarta-feira, 2 de agosto, das 19h às 22h
Bate-papo com Dom Filó às 19h
Livraria da Travessa Leblon (Shopping Leblon – Av. Afrânio de Melo Franco, 290/2º andar)