Após ter conteúdos íntimos vazados, o ex-BBB Wagner Santiago decidiu “fazer do limão uma limonada” e ingressar no mercado adulto. Desde 2021, três anos após a participação no reality, o influenciador mantém um perfil na rede social OnlyFans, no qual compartilha o dia a dia e intimidades para assinantes.
“Sempre encarei a nudez como algo natural. Minha intenção não é chocar ninguém, é estar livre para me expressar do jeito que eu quiser”, diz Wagner, atual embaixador da plataforma de acompanhantes Fatal Model. “Realizo esse trabalho há quase quatro anos e continuo recebendo muito carinho dos seguidores”.
O empoderamento masculino nesse contexto não se limita apenas à sexualidade, mas também à quebra de estereótipos de gênero. Homens estão cada vez mais posicionados como profissionais no mercado adulto – tradicionalmente predominado por mulheres – oferecendo serviços que vão desde acompanhamento até produção de conteúdo digital.
Dados de 11 mil acompanhantes homens cadastrados na Fatal Model apontam que a idade média dos profissionais é de 28 anos, com altura aproximada de 1,83cm e cerca de 78 kg. A distribuição étnica é diversificada, a maioria brancos (36%), negros (18%) e mestiços (7%). A orientação sexual varia entre heterossexuais (28,8%), bissexuais (12,5%), homossexuais (11,7%) e pansexuais (2,3%). Outros 44,7% optaram por não informar.
Novos modelos de negócios e autonomia
Segundo o acompanhante e influenciador Ton Fernandes, “é um mercado promissor, porque muitas mulheres têm vontade de ter essa experiência com um profissional”. Ele conta que a maioria das clientes o contratam para viver um dia de namoro. “Hoje ofereço companhia, além do sexo. As pessoas valorizam mais a minha pessoa do que minha genitália”.
A carreira de Ton decolou quando atrelou a profissão ao entretenimento adulto, mercado em que teve oportunidade de gravar com celebridades como Andressa Urach. “Sou muito feliz com o que estou vivendo. A indústria masculina é muito grande, embora o cachê ainda seja desvalorizado. Estou no auge da profissão e cobro de R$500 a R$4 mil a diária”.
Para o ex-BBB, mais do que oportunidades financeiras, o mercado proporciona autonomia e controle sobre a própria imagem. “Além do dinheiro, hoje tenho liberdade para me expressar e mostrar meu corpo do jeito que eu quiser, sem julgamentos”, afirma Wagner. “Na vida pessoal, continuo realizando trabalhos de publicidade dentro e fora do nicho adulto, cuidando dos meus filhos e da minha casa”, complementa.
Superando preconceitos
Apesar dos avanços, o caminho para o empoderamento masculino no mercado adulto não é isento de desafios. Estigmas sociais e preconceitos ainda persistem na sociedade, inclusive entre os próprios profissionais.
“Faltam homens no mercado que não tenham vergonha. Quando comecei a pesquisar sobre o mundo dos acompanhantes, vi que, para mulheres, existem várias referências. Para homens, são poucas”, pondera Ton Fernandes.
“Ainda existem tabus. Sempre vejo pessoas falando sobre respeitar as escolhas do outro, desde que façam aquilo que é esperado dentro de um padrão. Estar no mercado adulto virou uma alternativa para ex-participantes de reality e ajudou a normalizar um pouco mais essa questão. Acredito que ajudei a furar a bolha”, opina Wagner Santiago.
Para Nina Sag, porta-voz da Fatal Model, à medida que mais homens encontram espaço para expressar a sexualidade e criatividade no mercado adulto, há um impacto cultural e social significativo. “Isso não apenas desafia normas estabelecidas, mas também promove uma discussão mais ampla sobre identidade de gênero e liberdade sexual”.