A interação entre humanos e animais tem sido o foco, nos últimos anos, de diversos institutos de pesquisa, que buscam comprovar o quanto essa relação é benéfica. Um estudo financiado em 2021 pelo Human Animal Bond Research Institute (HABRI), da Universidade do Missouri, identificou que crianças com autismo e pais que adotaram cães e gatos sentiram uma importante conexão com seus pets. O estudo mostra que a convivência com cães e gatos beneficia crianças e adultos de forma geral, reduzindo estresse, medo, fadiga e tristeza.
A história da médica veterinária Leticia Alves Pereira da Silva confirma a autenticidade do estudo divulgado. Especializada no atendimento a felinos, Leticia, proprietária da clínica FelCare na cidade de Itatiba, próxima à capital paulista, foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), este último desenvolvido após uma perda familiar. Com a companhia de seu cão assistente, ela apresentou uma melhora exponencial em seu tratamento de saúde emocional.
“Após a morte da minha irmã há 13 anos, enfrentei uma depressão profunda e crises de pânico. Em 2022, após a trágica perda do meu cão, e logo depois de uma segunda perda, ganhei de presente um Border Collie de 3 anos. Tentei diversas formas de tratamento medicamentoso, mas em 2023 tive uma grande piora. Foi então que decidi buscar ajuda de um profissional para treinar meu cão, para que ele pudesse me acompanhar”, explica a médica.
Com expertise em adestramento e treinamento de pets, Glauco Lima adotou técnicas importantes, incluindo o uso de um Apple Watch para que o cão Jackson se tornasse um assistente, ajudando a médica a enfrentar situações de pânico. Hoje, Leticia não depende mais de medicação para as crises e frequenta lugares que antes evitava, e na maioria das vezes nem frequentava, pois a presença do cão Jackson consequentemente veio ajudar também na questão do autismo, além de ter uma melhora muito significativa na qualidade de vida.
Segundo a médica veterinária, além do cão, o know-how do adestrador também foi aplicado em Olaf, um felino que hoje é o principal ponto de apoio para seu filho Theo, também diagnosticado com TEA e TDAH. “Meu filho, recentemente, recebeu o diagnóstico de autismo. Ele é muito inteligente, mas tem momentos em que fica nervoso e agitado. Sua tranquilidade é alcançada quando nosso gato de estimação está ao seu redor. O gato acaba intervindo nesses momentos de crise. O convívio com os pets faz a diferença na melhoria da qualidade de vida e no tratamento de transtornos neurológicos, mentais e emocionais”, finaliza a médica veterinária.
É aconselhável que a interação entre crianças e pets seja monitorada por adultos para evitar imprevistos, garantindo que a criança não se machuque ou exceda os limites impostos pelo animal. Em qualquer eventualidade, deve-se sempre procurar a orientação de um especialista.