O empoderamento feminino tem se tornado um tema cada vez mais relevante em nossa sociedade, especialmente quando associado à saúde mental, à vida profissional e às responsabilidades familiares. Para Juliana Conti, psicanalista e especialista em questões ligadas ao feminino, é imprescindível discutir o empoderamento sob o ponto de vista da saúde mental. Ela destaca que, apesar dos avanços, mulheres ainda enfrentam preconceitos e repressões estruturais que invalidam suas emoções e desafios psicológicos. Expressões como “é a TPM” ou “são os hormônios” são exemplos de como o sofrimento psíquico feminino é, muitas vezes, minimizado, perpetuando estereótipos que precisam ser combatidos.
No ambiente de trabalho, as mulheres empresárias enfrentam obstáculos específicos. Além de lutarem por sua própria validação no mercado, muitas lidam com uma culpa constante ao tentar equilibrar carreira e família. Juliana ressalta que essa cobrança desleal sobrecarrega as mulheres, especialmente quando a sociedade ainda atribui exclusivamente a elas as responsabilidades domésticas, mesmo quando contribuem igualmente com a renda familiar. Isso muitas vezes as leva a renunciar à vida profissional em prol da família, sentimento frequentemente acompanhado de frustração e falta de reconhecimento.
Para as mães solo, esse cenário é ainda mais desafiador. Elas enfrentam não apenas a solidão emocional, mas também a pressão social constante sobre suas decisões de vida. Juliana explica que, independentemente do suporte externo que recebam, a responsabilidade recai totalmente sobre elas, seja pela criação dos filhos, seja pelas decisões que levaram à condição de mães solo. Esse ciclo de cobranças pode minar a autoestima dessas mulheres, que precisam estabelecer limites claros e trabalhar o autocuidado para promover seu bem-estar.
Nesse contexto, o autocuidado se torna uma ferramenta poderosa de empoderamento. Juliana afirma que cuidar de si mesma não é apenas uma questão de manter o equilíbrio emocional, mas também de fortalecer o amor-próprio, desenvolver uma maior consciência dos próprios desejos e capacidades, e, assim, planejar um futuro mais sólido. Ao priorizar o autocuidado, as mulheres se reconectam consigo mesmas e inspiram outras a fazer o mesmo, criando um ciclo positivo de empoderamento coletivo.
Para as mulheres que iniciam no empreendedorismo, os desafios são significativos, mas Juliana oferece orientações valiosas: estabelecer metas realistas, buscar uma rede de apoio e desenvolver o autoconhecimento são algumas das estratégias fundamentais para enfrentar as dificuldades. Além disso, ela reforça que aceitar as próprias limitações e se permitir errar faz parte do processo de crescimento pessoal e profissional. Ao manter o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a mulher pode evitar a exaustão e construir uma trajetória de sucesso, sem sacrificar sua saúde mental.
A pressão social para que as mulheres “dêem conta de tudo” tem um impacto significativo na saúde mental, tanto em relações heteronormativas quanto em casais homoafetivos, onde uma das parceiras costuma ser sobrecarregada com as responsabilidades do lar e dos filhos. Segundo Juliana, essa imposição precisa ser desconstruída para que as mulheres possam se sentir livres para exercer seus desejos e alcançar maior autonomia emocional.
A psicanálise, nesse processo, tem um papel fundamental. Ao proporcionar uma maior compreensão dos próprios medos e desejos, ela ajuda as mulheres a se reconectarem com seu poder interior, rompendo com padrões opressivos e expectativas externas que limitam sua autoestima. Essa conquista de autonomia emocional permite que as mulheres tomem decisões mais conscientes e baseadas em suas verdadeiras necessidades, fortalecendo sua capacidade de enfrentar os desafios do dia a dia.
Juliana Conti conclui que o empoderamento feminino passa necessariamente pela saúde mental e pelo autocuidado. Ao se priorizarem, as mulheres não apenas fortalecem sua própria trajetória, mas também criam um legado de inspiração para outras, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde o cuidado consigo mesma é valorizado e reconhecido como parte essencial do sucesso pessoal e profissional.
Fonte: Juliana Conti | Psicóloga e Psicanalista | @jucontipsicologa