O influenciador digital Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido nas redes sociais como Buzeira e seguido por mais de 15 milhões de pessoas, está no centro das investigações da operação “Narco Bet”, deflagrada pela Polícia Federal na última terça-feira (14/10). Segundo o inquérito, Buzeira teria sido um dos maiores beneficiários de um esquema de lavagem de dinheiro e tráfico internacional de drogas, que movimentou milhões de reais por meio de apostas esportivas e criptomoedas.
De acordo com informações obtidas pela reportagem, o processo — que reúne mais de 15 mil páginas de documentos — aponta que Buzeira, o empresário Rodrigo Morgado e outras nove pessoas foram presas por envolvimento direto no grupo. As investigações indicam que Morgado atuava como o responsável pela estrutura financeira da organização, utilizando empresas de fachada e laranjas para movimentar grandes quantias em criptoativos, com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos valores oriundos do tráfico.
O nome de Buzeira aparece como um dos principais destinatários dos recursos. Conforme a análise financeira feita pela Polícia Federal, o influenciador teria recebido cerca de R$ 21,9 milhões por meio de suas empresas — entre elas, a BRX, a Buzeira Digital e uma holding em conjunto com sua esposa, Hillary Lima Pereira. Parte das transferências também teria sido direcionada a contas pessoais do casal.
As investigações ligam ainda as movimentações financeiras de Morgado a um caso de tráfico internacional de drogas ocorrido em 2023, quando a Guarda Costeira dos Estados Unidos apreendeu mais de 3 toneladas de cocaína em uma embarcação. O proprietário da embarcação, segundo o processo, teria recebido valores de empresas administradas ou associadas ao contador.
Outro nome citado no processo é o do advogado Áureo Tupinambá de Oliveira Fausto Filho, que teria atuado na defesa de Morgado durante o inquérito conduzido pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC). Áureo ficou conhecido nacionalmente após conseguir a liberdade do traficante André do Rap, em 2020, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Até o momento, a defesa de Buzeira não se manifestou oficialmente sobre as acusações. A Polícia Federal segue com as diligências para rastrear o destino dos valores movimentados e identificar novos envolvidos no esquema.
