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Livremente inspirado na história de Kaspar Hauser, infantil E o Zé, quem é? discute a construção da identidade e o respeito às diferenças

A misteriosa história de Kaspar Hauser, o menino sem identidade e linguagem que foi encontrado na Alemanha em 1828, serve como fonte de inspiração para o espetáculo E o Zé, quem é?, com texto e direção do premiado Marcello Airoldi (que também estreia a peça “Onde Está o Walter?” e, em maio, volta em cartaz no elenco do espetáculo “Misery”, a partir da obra de Stephen King). A peça tem uma temporada gratuita no Teatro Cacilda Becker, entre os dias 11 de fevereiro e 5 de março, com apresentações aos sábados e domingos, às 16h. 

O elenco traz André Capuano, Carolina Parra, Dani Moreno, Eugênio La Salvia, Fagundes Emanuel e Silô Moreno, além dos músicos Felipe Chacon e Juh Vieira. Além disso, o espetáculo conta com a participação em off da  grande atriz Laura Cardoso. Já a direção de produção é assinada por Kiko Rieser (autor e diretor da bem-sucedida peça “Nasci Pra Ser Dercy”).

O trabalho dá continuidade à pesquisa que o autor e diretor vem desenvolvendo em teatro para crianças. Seu espetáculo anterior, “Mequetrefe sorrateiro”, lhe rendeu o Prêmio São Paulo (antigo Femsa) de autor revelação, além de indicações em diversas outras categorias. Já a relação do artista com a conhecida trajetória de Kaspar Hauser também é antiga: em 2007, ele escreveu e dirigiu a peça “A casa do Gaspar ou Kaspar Hauser, o órfão da Europa”, ao lado do Teatro Ventoforte.

A peça se passa em um país que parece fictício, dominado por um governo autoritário, e conta a história de um garoto que é encontrado no meio da praça. Sozinho e em trapos, ele não sabe falar nenhuma língua e mal consegue andar. Todos ao redor especulam de onde o menino teria vindo, mas ninguém sabe a resposta para essa pergunta. Uma pessoa desconhecida não é ninguém, concluem os agentes do governo, e alguém que não é ninguém pode se tornar qualquer coisa, o que é muito perigoso. Assim, o menino sem nome vai preso por vadiagem, e, tornando-se assunto da cidade inteira, só faz aumentar a curiosidade sobre sua identidade.

Depois de um mês, a Justiça faz um acordo com a cidade: solta o garoto, mas  obriga toda a população a ficar responsável por ele, revezando-se mensalmente em sua guarda com um auxílio financeiro. Enquanto segue a investigação para descobrir sua história, ele se torna uma espécie de filho da cidade toda e ganha finalmente um nome: Zé. Nas muitas casas em que passa a morar, Zé aprende a falar e a andar e cada um da cidade transmite a ele seus próprios valores: o Cidadão lhe explica economia e como lucrar a todo custo; a Autoridade o ensina a atirar; e a Professora é a única que o estimula a olhar para o mundo com os próprios olhos. 

Ao longo da história, Zé percebe que pode ser quem quiser e que não é necessário desvendar sua história, porque é possível reescrevê-la dali para frente.

“Toda a história da peça gira em torno da busca pela história pregressa de Zé, como se ela, por si só, fosse capaz de lhe conferir uma identidade. No entanto, o desconhecimento da linguagem nos evidencia que Zé nunca esteve em contato real com outro ser humano e, portanto, jamais poderia ter desenvolvido qualquer identidade. É apenas em relação direta com os outros que somos o que somos, e isso também é um ponto fundamental de ser discutido perante um público de crianças. O respeito à diferença e à alteridade deve nascer não só pela razão ética, mas também pelo entendimento de que dependemos do outro para nos constituirmos enquanto indivíduos, seja absorvendo, seja refutando aquilo que vemos à nossa volta”, comenta o autor e diretor Marcello Airoldi,

Além desses temas, o espetáculo faz uma importante homenagem à Cultura e à Educação (simbolizada pela personagem da Professora), que, segundo o encenador, são “os pilares que constituem a identidade de qualquer pessoa e de qualquer nação”.

Sinopse

Em um país que parece fictício, dominado por um governo autoritário, um garoto é encontrado no meio da praça. Sozinho e em trapos, ele não sabe falar nenhuma língua e mal consegue andar. Todos ao redor especulam sobre a origem do menino, mas ninguém sabe de nada. Uma pessoa desconhecida não é ninguém, concluem os agentes do governo, e alguém que não é ninguém pode se tornar qualquer coisa, o que é muito perigoso. Assim, o menino sem nome vai preso por vadiagem, e, tornando-se assunto da cidade inteira, só faz aumentar a curiosidade sobre sua identidade. Depois de um mês, a Justiça faz um acordo com a cidade: solta o garoto, mas obriga toda a população a ficar responsável por ele.

Ficha Técnica

Texto e direção: Marcello Airoldi

Elenco: André Capuano, Carolina Parra, Dani Moreno, Eugênio La Salvia, Fagundes Emanuel e Silô Moreno

Músicos: Felipe Chacon e Juh Vieira

Participação em voz off: Laura Cardoso

Cenografia: Carol Bucek

Desenho de luz: Aline Santini

Direção e composição musical: Juh Vieira

Figurino e visagismo: Kleber Montanheiro

Videoarte e mapping: Carol Shimeji e Rafael Drodrô

Assistência de direção: Maria Meyer

Assistência de figurino: Marcos Valadão

Construção de cenário: Marcelo Andrade, Fernando Zímolo e Wanderley Wagner

Confecção de máscaras e bonecos: Juh Vieira

Costura: Salomé Abdala

Design gráfico: Carol Shimeji e Rafael Drodrô

Fotografia: Priscila Prade

Registro em vídeo: Tatoka Filmes

Mídias sociais: Inspira Comunicação 

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Operação de luz: Rodrigo Palmieri

Operação de som e microfonista: Rodrigo Florentino

Operação de projeção: Carol Shimeji e Rafael Drodrô

Direção de produção: Kiko Rieser

Assistência de produção: Maria Meyer

Assistência administrativa: Lauanda Varone

Produção geral: Rieser Produções Artísticas

Realização: MAPA – Marcello Airoldi Produções Artísticas

Um espetáculo do Teatro de Perto

Serviço

E o Zé, quem é?, com texto e direção de Marcello Airoldi

Temporada: 11 de fevereiro a 5 de março, aos sábados e aos domingos, às 16h

Teatro Cacilda Becker – Rua Tito, 295, Lapa

Ingressos: Grátis, distribuídos uma hora antes de cada apresentação
Classificação: livre

Duração: 70 minutos

Acessibilidade: Teatro é acessível para cadeirantes

Thiaggo Camilo - @thiaggocamilo

Jornalista e assessor de imprensa. Foi jurado do quadro musical do programa Mais Show com Danny Pink na Rede Vida. Colunista do Tô Na Fama!, portal parceiro de conteúdo do IG. Atualmente está a frente da sua agência de comunicação e licenciamento. Instagram e Twitter @thiaggocamilo
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