
Em um momento em que a violência escolar volta a preocupar educadores e famílias em diferentes partes do mundo, o trabalho da professora argentina Griselda Lorena Gallardo ganha novo significado, pois radicada em Brasília e com mais de doze anos de experiência no ensino de inglês, ela acredita que a prevenção começa dentro da sala de aula, no modo como cada aluno é ouvido, acolhido e desafiado a se expressar, e que ensinar uma língua é muito mais do que transmitir regras gramaticais, é um exercício de empatia e convivência capaz de desenvolver autonomia emocional e restaurar o diálogo em tempos de polarização, como ela mesma costuma dizer, “a violência nasce da desconexão, e o aprendizado nasce da escuta, quando o aluno se sente seguro e respeitado, ele aprende de verdade”.
A pesquisa publicada pela revista Frontiers in Psychology em 2023 oferece base científica para esse olhar e confirma que professores com maior empatia constroem ambientes de aprendizagem mais seguros, colaborativos e emocionalmente equilibrados, ao propor um modelo que combina dimensões afetivas, cognitivas e preditivas da empatia docente, demonstrando que reconhecer emoções, compreender perspectivas e antecipar reações são habilidades que fortalecem o vínculo e reduzem tensões em sala de aula, criando condições para que o bem-estar emocional e o desempenho acadêmico se desenvolvam juntos em um processo de confiança e cooperação.

A combinação entre emoção e aprendizado é o que guia a prática de Lorena, que transforma o inglês em uma ferramenta de autoconhecimento e empatia cultural, pois acredita que cada nova palavra aprendida é uma janela para enxergar o outro e a si mesmo, e, por isso, organiza suas aulas de modo que o conteúdo gramatical se misture naturalmente a atividades colaborativas, rodas de conversa e reflexões sobre diversidade, promovendo um ambiente em que os alunos aprendem a ouvir, se expressar e respeitar diferentes pontos de vista, porque, segundo ela, “ensinar inglês é ensinar a pensar junto, a respeitar o tempo e a história de cada aluno”.
Essa visão dialoga com o relatório internacional Social and Emotional Skills for Better Lives (SSES 2023), da OCDE, que avaliou 16 locais em seis países e dez regiões, incluindo Sobral, no Ceará, Brasil, e identificou correlações diretas entre empatia, autocontrole e bem-estar psicológico dos estudantes, mostrando que alunos com maiores habilidades socioemocionais apresentam melhor desempenho escolar, maior engajamento e relações mais saudáveis, ao mesmo tempo em que recomenda que essas competências sejam incorporadas às políticas educacionais para promover uma aprendizagem mais humana, inclusiva e sustentável, baseada no equilíbrio entre razão e emoção.
Lorena vê em cada uma dessas conclusões o reflexo do que vivencia diariamente com seus alunos, pois ao unir neurociência, empatia e ensino de línguas, cria um ambiente de segurança emocional que favorece o aprendizado e a convivência, ajudando crianças, adolescentes e adultos a superar bloqueios, fortalecer a autoconfiança e encontrar no aprendizado de inglês um espaço para se reconectar consigo mesmos e com os outros, já que, em suas palavras, “quando o aluno entende o porquê de aprender e sente que sua voz é escutada, ele aprende com liberdade”.

Para a educadora, a sala de aula é um microcosmo da sociedade e, portanto, o primeiro lugar onde a transformação precisa acontecer, pois é ali que o respeito se constrói, que a empatia se pratica e que os vínculos se consolidam, transformando o ato de ensinar em um gesto de reconstrução social, e, como ela define, “a paz não se ensina, se constrói no dia a dia, quando um conflito é resolvido com diálogo e quando a empatia substitui o medo”. Pesquisas como as da Frontiers in Psychology e da OCDE comprovam o que sua prática traduz em gestos: educar é um ato de cuidado e o primeiro passo para prevenir a violência, porque ensinar a sentir é também ensinar a conviver.
Texto criado por Nathalia Pimenta
Supervisão jornalística aprovada por Radija Matos









