
A Igreja de Nossa Senhora da Penha, localizada na Penha, Zona Norte do Rio, é um dos símbolos mais emblemáticos da cidade. A sua construção e trajetória estão diretamente ligadas à fé popular, às tradições do catolicismo no Brasil e à identidade carioca.

A história nos leva a 1635, quando o capitão português Baltazar de Abreu Cardoso, proprietário da região, teria sido atacado por uma serpente enquanto observava suas terras do alto de um penhasco. Ao pedir por proteção — “Nossa Senhora, valei-me!” — um lagarto surgiu e afugentou a cobra. Em agradecimento ao milagre, ele construiu uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Penha de França, que se tornou o embrião do santuário.

Com o tempo, a devoção aumentou e Baltazar doou as terras à Virgem Maria. Em 1728, foi fundada a Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Penha de França, responsável por ampliar a capela, introduzir uma torre e instalar os primeiros sinos. Assim, o pequeno templo passou a se destacar como centro de peregrinação popular.

Em 1819 foi construída um dos símbolos mais conhecidos da Igreja que é sua imponente escadaria de 382 degraus. Isso começa com uma promessa feita por um casal que desejava ter filhos. Após a realização do desejo, os devotos cumpriram a promessa e ergueram a escada, talhada na rocha do penhasco. Até hoje, muitos fiéis sobem de joelhos como forma de agradecimento pelas graças alcançadas.

Em 1870, a capela original foi demolida para dar lugar a uma nova construção, maior e mais robusta. Já a partir de 1900, o engenheiro português Luiz de Moraes Júnior projetou uma reforma ampla em estilo eclético, com elementos neogóticos. A obra se estendeu até 1925, quando a fachada e as torres ficaram prontas.
Em 1925, o santuário ganhou um carrilhão de sinos vindos de Portugal, originalmente exibido na Exposição do Centenário da Independência. A inauguração ocorreu em 27 de setembro daquele ano, numa cerimônia abençoada pelo Cardeal Dom Henrique Gasparri.
A Igreja da Penha rapidamente se tornou palco não apenas da fé, mas também da cultura popular carioca. Sua Festa da Penha, realizada em outubro, atraía multidões e serviu como espaço de apresentação de grandes nomes do samba, como Donga, Pixinguinha, Cartola e João da Baiana, antes mesmo de o gênero ganhar o Carnaval como principal vitrine.

O prestígio do santuário atravessou séculos. Em 16 de junho de 2016, o Papa Francisco elevou a Igreja ao título de Basílica Menor, reconhecimento da sua importância histórica, arquitetônica e religiosa.
Mais que um templo, a Igreja da Penha é símbolo de fé, cultura e identidade para o Rio de Janeiro. Do alto de seu penhasco, visível a quilômetros de distância, ela se tornou referência para a Zona Norte e para toda a cidade. Entre milagres, promessas, festas e tradições, o santuário segue atraindo devotos e visitantes, mantendo viva a história iniciada há quase quatro séculos.









