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Alinne Prado – a busca da ancestralidade como forma de libertação

Foi através de um sonho com o avô, em que Alinne Prado perguntava para ele sobre a sua linhagem e que teve como resposta que ela era teimosa, que o passado deles era de muita vergonha e dor, mas se quisesse saber, que fosse atrás disso, que a jornalista e apresentadora ficou com essa questão na cabeça. Convicta de que nada é por acaso e acreditando na espiritualidade que nos guia, três dias depois recebeu o convite de uma empresa para fazer publipost de um teste de DNA, Ancestralidade, saúde e bem- estar.
O resultado saiu esta semana e aponta que 52% de sua ancestralidade é proveniente da África, vindo 43% deles da Costa da Mina – faixa litorânea de onde vieram muitos escravizados e que hoje, esse lugar corresponde aproximadamente à faixa litorânea dos atuais estados de Gana, Togo, Benim e Nigéria.
“Para mim esse movimento de entender de onde vim me ajuda num processo de cura, de um vazio de pertencimento que sempre carreguei em mim. Me ajuda a compreender melhor quem sou.”

“Saber de onde eu vim, conhecer a história dos meus ancestrais, com certeza só me fortalece na luta diária de não aceitar estar nesse lugar comum de que o preto já nasce com um limite definido do que ele pode querer ser e a postura de subserviência”.

Se em sonho meu avô disse que o passado era de vergonha e dor, posso afirmar que foi de muita luta, resistência e força.

“O uso do que eu faço com o meu conhecimento é que faz diferença e aí entra a questão de saber da minhas origens, minha ancestralidade, conhecer a história de nosso povo.

Alinne foi criada em um lar evangélico e há pouco tempo é que passou a entender melhor sobre religiões de matrizes africanas, onde começou o seu letramento racial e a busca por suas referências ancestrais.

O domínio de uma civilização se faz através da destruição de seu passado. Foi assim com os judeus, quando antes do holocausto queimaram seus livros. E foi ainda pior com os negros que vieram cativos do continente africano. Essa tentativa de apagamento se perpetuou através das gerações. Agora estamos em tempo de resgate, de conhecimento. É isso é poder. Isso é devolver nossa humanidade. Isso é cura! É o movimento Sankofa, que é voltar ao passado, para ressignificar o presente e determinar um novo futuro melhor.

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