Com mais de 47 anos de carreira, Claudia Alencar é uma ótima fonte de boas histórias. E uma das mais divertidas que conta foi quando precisou ficar deitada por três horas dentro de um caixão, para gravar a morte de sua personagem na novela ‘Porto dos Milagres’, exibida em 2001.
“Fiquei meditando que foi uma beleza e, na hora em que a gravação terminou, todo set de filmagem aplaudiu”, conta a atriz, em entrevista exclusiva para o jornalista Marcos Michalak para sua coluna do site da Revista AnaMaria. “Lembro que foi um momento de glória, de eu ter conseguido ficar lá dentro do caixão durante todo esse tempo.”
Sobre a trama do autor Aguinaldo Silva, aliás, ela ressalta que foi um verdadeiro milagre ter conseguido o papel de Epifânia Pereira, uma matriarca toda bonitona e trabalhadora. Claudia precisou, literalmente, ir atrás dos diretores da trama para pedir um papel.
“Um deles falou: ‘bom, você entra em trinta capítulos.’Aí eu fiz a mãe das duas meninas [Genésia (Júlia Lemmertz) e Socorrinho (Mônica Carvalho)], sendo que uma era mais sexy, e a outra era mais beata e aí eu juntei as duas coisas na hora de elaborar a personalidade da personagem”, conta. No final, o papel deu tão certo que, dos 30 previstos, só conseguiram matar a personagem de Claudia no capítulo 100.
Depois da tal cena do caixão, a atriz ainda voltou ao set de filmagem um mês depois, só que como um fantasma, que vinha fazer justiça na história. “Então fui eu, de camisola super sexy, que acabou fazendo justiça e ajudanda a eliminar todos os vilões da trama”, brinca.
Claudia Alencar também lembra de sua participação em outra trama de Aguinaldo, ‘Fera Ferida’ de 1993. Na história, sua personagem, Perla Menescal (Cláudia Alencar), era uma atriz decadente, que vai parar em Tubiacanga ao seguir o rastro de um amante, mas logo se interessava por Demóstenes (José Wilker), formando um triângulo amoroso com Rubra Rosa (Susana Vieira).
Segundo ela, o trabalho a marcou porque ela criou uma personagem exagerada, que fazia tudo para poder ser vista e comentada, pois tinha saudades do palco, local em que era tudo bem ser exagerada. Mas na vida real, não.
“Lembro do diretor pedir para eu fazer a personagem menos sexy, mas teimei em ser do jeito que eu queria, porque tinha ensaiado e me exercitado durante dez dias com a Ariane Mnouchkine, diretora de teatro e cinema francesa, de renome mundial, fundadora do Théâtre du Soleil em Paris, e queria usar tudo o que aprendi”, explica.
Para Claudia, uma outra personagem marcante de sua carreira foi a Divinéia, de ‘Hilda Furacão’, em 1998. Foi neste trabalho que ela cantou e dançou pela primeira vez na televisão. “Isso me deu muita força e muita alegria pela personagem. Ela tinha ciúmes da Hilda e esse embate de querer ser a melhor do Clube Montanhês, onde se passava a história. Gostei, pois pude exercitar outras qualidades que eu tinha e foi um sucesso”, relembra.