
O fascínio da humanidade pelo céu e por possíveis visitantes de outros mundos não é novo. Desde 1938, quando Orson Welles aterrorizou ouvintes com a transmissão radiofônica de “A Guerra dos Mundos” tão convincente que muitos acreditaram estar presenciando uma invasão alienígena, a ideia de vida inteligente fora da Terra alimenta histórias, filmes e teorias. Produções como E.T., Alien e Independence Day continuam a moldar o imaginário popular, mas, desta vez, a inspiração vem de um acontecimento real.
No dia 1º de julho, telescópios do projeto ATLAS, no Chile, registraram a passagem de um corpo celeste incomum: o 3I/ATLAS, apenas o terceiro cometa interestelar já identificado cruzando o Sistema Solar. Por si só, um evento raro, mas este visitante tem intrigado cientistas por motivos que vão além da beleza astronômica.
O que o torna tão especial?
Cometas são como cápsulas do tempo, guardando materiais formados nos primórdios do universo. O 3I/ATLAS, no entanto, apresenta um conjunto de características que não se encaixam totalmente no que se espera de um cometa típico, já que ele tem cerca de 20 km de diâmetro, muito maior que o famoso 1I/‘Oumuamua, descoberto em 2017 e está se deslocando a uma velocidade incomum, próxima de 0,005% da velocidade da luz.
Outro detalhe que chamou atenção: apesar de ter sido classificado como cometa, não exibe sinais claros de sublimação de gelo, processo pelo qual, ao se aproximar do Sol, o gelo em sua superfície se transforma em gás, criando a característica “cauda” visível. Essa ausência levanta hipóteses alternativas sobre sua origem e composição.
Missão ousada
O astrônomo de Harvard Abraham “Avi” Loeb, conhecido por explorar teorias não convencionais, sugeriu que o 3I/ATLAS poderia até ser uma sonda enviada por outra civilização. Para investigar, ele propôs usar a sonda Juno, da NASA, atualmente em órbita de Júpiter. A ideia seria redirecionar a nave para interceptar o objeto, aproveitando que Juno está no fim de sua missão principal. O sucesso dessa manobra dependeria, no entanto, do combustível restante.
Entre a ciência e especulação
Embora a hipótese extraterrestre soe ousada, Loeb argumenta que vale a pena considerar todas as possibilidades, já que objetos interestelares podem carregar informações únicas sobre a formação de outros sistemas planetários ou até sobre tecnologia não terrestre.
Seja um cometa “fora do padrão” ou algo mais, o 3I/ATLAS reacende o interesse por uma das perguntas mais antigas da humanidade: estamos sozinhos no universo?
Escrito por Kethelyn Rodrigues, supervisionada por Henrique Souza.









