
Em uma jornada que mescla a solidez da tradição jurídica com a ousadia da inovação, Kezia Miranda construiu uma carreira interdisciplinar que transita do Direito Financeiro à regulação de ativos virtuais. Advogada formada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), pesquisadora do grupo “Direito, Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável”, registrado no CNPq, autora de livros, compositora, roteirista e musicista, Kezia carrega uma herança rara, a disciplina rigorosa herdada do pai, Hélio de Miranda militar do Exército e clarinetista e a sensibilidade artística do avô Vicente Gomes, talentoso violonista sul-mato-grossense.
Ao escolher o Direito em vez da Música, iniciou um percurso guiado por um profundo compromisso com a justiça, sem jamais abrir mão de um olhar sensível, criativo e não convencional sobre o mundo jurídico. “Embora meu pai também fosse músico, ele sempre priorizou a educação. Durante o ensino médio, no Colégio Militar, lembro dele cobrando muita disciplina na época do Enem, para que eu passasse em uma universidade pública, mas ele sonhava que eu tivesse estabilidade financeira e ascensão social e o Direito parecia o caminho possível para isso”.
Desde os primeiros anos no curso de direito, na UFMS, Kezia já intuía que seu caminho não seguiria os moldes tradicionais e em vez de adotar a lógica judicializante da maioria dos escritórios, optou por uma atuação conciliadora, sustentável e sistêmica, buscando sempre alternativas extrajudiciais para a resolução de conflitos. Sua atuação se alinha à justiça restaurativa, valorizando a escuta, o consenso e a prevenção de litígios. “Nunca fui uma advogada tradicional. Sempre me senti voltada para uma visão polivalente, multidisciplinar e preventiva.”
A inquietação acadêmica levou Kezia a mergulhar em pesquisas sobre direito tributário, financeiro e, mais recentemente, digital. Professora universitária e autora de livros disponíveis na biblioteca da USP, ela destaca a importância de repensar o ensino jurídico. Sua atuação como pesquisadora inclui a análise do uso de recursos públicos para a proteção ambiental e o papel da tecnologia na gestão de políticas sustentáveis. “Nos cinco anos de curso, geralmente o plano de ensino só permite estudar Direito Tributário no último ano. Isso reflete uma formação pouco voltada à gestão orçamentária dos recursos públicos, à educação financeira e à compreensão do que deve ser a cidadania fiscal.”
Hoje, como Chief Legal Officer do BDM Bank e parte do ecossistema de Dakila, Kezia atua na regulação de ativos virtuais, cripto ativos, fundos de investimento e bancos digitais. Sua missão é clara: descomplicar o direito digital para o cidadão comum, contribuindo com segurança jurídica, políticas internas de compliance e educação financeira acessível. Seu trabalho abrange ainda consultorias a governos para incluir educação financeira nas escolas. “A ignorância financeira é como uma prisão invisível, pois, sem conhecimento, as pessoas ficam vulneráveis a golpes e investimentos de alto risco.”
A defesa do Meio Ambiente também se reflete na atuação de Kezia na área da tributação ambiental. Para ela, o futuro está na convergência entre economia verde e inovação tecnológica. “Minha pesquisa acadêmica é voltada ao ICMS Ecológico e, mais recentemente, ao novo IBS ambiental previsto na reforma tributária. Meus artigos analisam como os municípios vêm direcionando esses recursos para políticas públicas ambientais, como planos de gerenciamento de resíduos sólidos ou instrumentos de planejamento urbano e zoneamento ambiental”.
Pensando em soluções futuras, Kezia aponta o potencial da tecnologia para aprimorar a gestão e a fiscalização dessas políticas. “Imagine utilizar blockchain para mapear e registrar digitalmente unidades de conservação de biomas como o da Amazônia. Isso permitiria um monitoramento mais transparente, eficiente e auditável por parte dos tribunais de contas, do Poder Público e da sociedade civil.”
Ela também vislumbra a possibilidade, em um futuro próximo, de incorporar contratos inteligentes (smart contracts) no processo de execução de políticas públicas especialmente em licitações. “Cláusulas auto executáveis poderiam ser programadas em contratos administrativos, garantindo maior segurança jurídica, agilidade no cumprimento de obrigações e redução de fraudes, desde que respeitados os princípios constitucionais da administração pública e os marcos regulatórios aplicáveis.”
Comprometida com a inovação e a legalidade, Kezia Miranda representa uma nova geração de juristas conscientes, estratégicos e conectados com os desafios sociais, ambientais e tecnológicos do século XXI. Sua trajetória inspira não apenas pelo currículo extenso, mas pela coerência entre discurso e prática. Uma advogada que estuda, escuta, percebe e age com coragem e inteligência. “Nosso foco é fazer com que nossos clientes tenham credibilidade e confiança no mercado. A sustentabilidade não é apenas ambiental, mas também ética, financeira e institucional e é nisso que eu acredito profundamente.”









