A escassez de doadores de órgãos é um dos maiores desafios enfrentados no Brasil quando o assunto é transplante cardíaco. Todos os anos, milhares de pessoas aguardam uma oportunidade para continuar a viver, mas a realidade é que apenas uma pequena fração delas recebe o transplante necessário. O caso de figuras públicas, como o apresentador Faustão, e de cidadãos comuns, como André Vieira de Matos, empresário que vivenciou o transplante de coração de sua sogra, tem colocado em destaque a luta pela doação de órgãos e pela conscientização sobre o impacto que ela pode gerar.
A insuficiência cardíaca é, atualmente, a principal razão para a realização de transplantes de coração. De acordo com o Dr. Fernando Bacal, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, “a insuficiência cardíaca é uma das doenças que mais afeta a população mundial, e muitas vezes, quando o tratamento clínico não surte efeito, a única solução viável é o transplante.” Esse processo, embora eficaz, depende diretamente da disponibilidade de doadores. A pressão alta e o colesterol elevado são fatores de risco que podem levar ao infarto agudo do miocárdio, que pode levar ao desenvolvimento da insuficiência cardíaca e são fatores que estão diretamente relacionados ao envelhecimento do coração e ao desgaste das artérias, tornando o órgão mais propenso a falhar com o tempo.
Anualmente, cerca de 2 mil pessoas no Brasil necessitam de um transplante de coração, mas apenas 450 a 500 transplantes são realizados, um número muito inferior à necessidade. A falta de doadores e a baixa utilização dos órgãos ofertados são os principais fatores que limitam a realização desses procedimentos, segundo o Dr. Fernando Bacal. “No caso do transplante de coração, a janela de tempo entre a retirada do órgão e o momento em que ele deve ser implantado no paciente é muito curta, apenas 4 horas. Isso limita ainda mais as possibilidades de realizar o transplante com sucesso”, explica.
Além da escassez de doadores, a recusa das famílias em autorizar a doação de órgãos representa um grande obstáculo. Muitas vezes, as famílias não sabem que o ente querido desejava ser doador, o que leva à recusa. A alta taxa de mortalidade entre os pacientes na fila de espera é uma das realidades mais trágicas.Segundo o Dr. Bacal, mais de 30% desses pacientes não sobrevivem até receber o transplante. Para André Vieira de Matos, é essencial comunicar o desejo de ser doador à família. “As pessoas precisam entender a importância de se tornar doadoras e deixar claro suas vontades com antecedência. A educação sobre o tema pode salvar vidas”, afirma.
O recente caso de Faustão, que passou por um transplante de coração após enfrentar sérios problemas cardíacos, também ilustra como a visibilidade pode gerar um impacto significativo. Como destaca André, “Faustão é uma figura pública amplamente conhecida, e seu caso fez muitas pessoas refletirem sobre a importância de ser doador. Esse tipo de visibilidade desperta uma conscientização crucial na sociedade.”
Outro grande desafio para a realização de transplantes no Brasil é a infraestrutura hospitalar, que por vezes é inadequada. Muitos hospitais não possuem os recursos necessários para realizar ecocardiograma e manutenção adequada dos potenciais doadores, além das dificuldades logísticas impostas pela vastidão do território nacional. Também existem critérios bem definidos para a seleção dos pacientes que receberão o transplante de coração, como o tipo sanguíneo, o tempo de espera e a gravidade do quadro. “Esses critérios garantem que o órgão seja destinado ao paciente que mais precisa dele no momento”, explica Bacal.
André Vieira de Matos, que teve sua sogra transplantada, se tornou um defensor ativo da causa. “Minha sogra recebeu um transplante graças à generosidade de um doador. Hoje, entendo o impacto que a simples decisão de ser doador pode ter. Conversar com a família sobre isso é um gesto de amor e solidariedade que pode salvar vidas”, finaliza. Após o transplante de coração, os pacientes têm uma boa perspectiva de vida, com expectativa de 15 a 30 anos, dependendo da saúde geral e do acompanhamento médico. No entanto, a necessidade de medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do órgão é uma constante.
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