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Elaine Datti de Moraes explica sobre Fake News e os Desafios da Comunicação

Estamos em plena campanha eleitoral para presidente do Brasil. O País assiste a campanhas com financiamentos altíssimos e experimenta uma polarização sem precedente. Na mídia, entre uma ou outra apresentação de plano de governo, o que mais chama a atenção é a enorme proporção da disseminação de Fake News. Milhões de reais são gastos em prol da divulgação de conteúdos inverídicos. É praticamente impossível apurar e checar tudo na mesma velocidade em que os assuntos tomam corpo na Internet. Neste sentido, política e Fake News se tornaram dois assuntos praticamente indissociáveis.

Para falarmos sobre isso, convidamos a jornalista Elaine Datti de Moraes. Com mais de 20 anos de experiência, Elaine, que fez também pós-graduação em Jornalismo Digital e em Marketing Digital, vem estudando este fenômeno das Fake News.

P: O alvo das Fake News continua sendo, majoritariamente, a política. Qual o impacto disso na sociedade?

R: É praticamente impossível que o investimento em Fake News, come estamos vendo atualmente, em larga escola, não traga retrocessos ao nosso País e ao mundo como um todo. Escolher um presidente baseando-se na divulgação de inverdades ou acostumar-se a elas são alguns dos prejuízos que certamente o Brasil poderá experimentar diante deste cenário.

P: Na sua opinião, por que as pessoas tendem a acreditar em Fake News, mesmo em tempos em que isso é tão comum?

R: Segundo estudos da neurociência, existe uma tendência natural em acreditarmos em “notícias” que tenham alguma paridade com o que previamente já consideramos como verdade. Por isso, o ser humano busca primeiramente confirmações das suas crenças. E ainda que fique comprovado que determina notícia é falsa, por vezes relutamos contra aquilo para evitar a dor da negação de conceitos pré-estabelecidos. Ao recebermos uma negativa dos nossos pensamentos, buscamos por mais conteúdos que demonstrem que estamos certos, estimulando um ciclo interminável. Por isso, as Fake News são um fenômeno avassalador.

P: Agências de checagem já fazem apuração de notícias constantemente. É uma nova atribuição do jornalismo? Qual sua opinião sobre isso?

R: A apuração das Fake News é a uma área do jornalismo que veio para ficar. Há alguns anos, quando a disseminação das notícias falsas ainda não era tão evidente, era possível atuar de maneira mais tradicional, checando os lados das notícias antes de publicá-la. Hoje em dia, o trabalho ganhou mais uma importante etapa: o primeiro passo antes de ouvir os envolvidos é descobrir se determinada afirmação é verdadeira ou falsa.

P: É evidente que as Fake News vêm ganhando métodos de disseminação cada vez mais impactantes. Como a comunicação pode contribuir para reduzir este impacto?

R: As redes sociais e a Internet colaboraram muito para que chegássemos neste estágio, em que a viralização de algumas notícias é iminente à sua divulgação. Chegou a hora de usar a tecnologia da mesma forma com que os divulgadores das notícias falsas fazem, com rapidez e agilidade. Porém, a nosso favor: é urgente a demanda por apuração, em larga escala, da veracidade do que é lançado na Web. Existe um nicho aberto com enorme potencial para pensarmos em como unir as ciências humanas e tecnológicas e assim atingir mais diretamente uma grande camada da população.

P: Como isso seria possível?

R: Jornalismo e tecnologia da informação precisam caminhar juntos no desenvolvimento de estratégias capazes de assimilar, categorizar e gerar estatísticas acerca dos conteúdos, para determinar as diferenças mais importantes entre os vídeos fakes e reais e colocar isso em um banco de dados.

P: Quais as principais vantagens desta integração?

R: Se conseguirmos transportar para a inteligência artificial uma pequena parte da técnica envolvida na apuração, grandes empresas de comunicação seriam amplamente beneficiadas com o maior dinamismo na checagem de notícias, além de outras empresas, já que a comunicação interna nas companhias também pode esbarrar na tentativa constante de dissimulação dos fatos. É uma nova “virada” do jornalismo em que, além da capacidade humana de apuração, precisaremos da engrenagem tecnológica para caminhar a passos tão largos quanto os das Fake News.

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