Nathalia Arcuri, jornalista especializada em finanças e fundadora do canal “Me Poupe” no You Tube, é a convidada desta semana do programa “No Lucro”, apresentado por Phelipe Siani na CNN Brasil.
A seguir, declarações dela em destaque na entrevista, desta que é conhecida como uma das pioneiras do entretenimento financeiro:
“Quando eu escolhi ser jornalista, me disseram “não faz isso, você nunca vai ganhar dinheiro”. Mas eu coloquei na minha cabeça que sim, eu ia ganhar dinheiro como jornalista. Eu pensava “se
o Bonner ganha, por que eu não vou ganhar?”. Para mim era tipo “gente, se um ganha todo mundo ganha. Só tem que descobrir como ele chegou lá. Seguir passo parecido vai dar tudo certo”.”
“Eu sempre fui muito disciplinada, muito resiliente. Desde criança. Eu sou atleta, então disciplina pra mim nunca foi um problema. É ter alvos e metas. Para mim sempre foi algo que me incentivou. Então eu olhava os poucos que ganhavam bem na nossa carreira e olhava para eles como alvos, não para derrubar, mas para chegar lá”.
“Ver a realidade das pessoas como repórter me doía muito, porque boa parte das matérias de tragédia que eu fazia, de deslizamentos, de tráfico, de violência doméstica, de falta de acesso à saúde, educação, eu entendia que todas tinham em comum não só a falta da disponibilidade do dinheiro, era a falta de disponibilidade do conhecimento. Eu percebia o quanto aquelas pessoas não tinham o conhecimento necessário para sair daquela situação. E educação básica e educação financeira também. Elas não sabiam como o jogo do capitalismo era jogado. Elas sabem que são oprimidas, digamos assim, mas elas não sabem que, se tiverem conhecimento, elas conseguem entrar no jogo. E aí isso tudo começou a me pegar.”
“Alguns ex-alunos às vezes ficam chateados e falam ‘nossa, ela parou no tempo, ela já foi boa de dica, ela não se atualiza’. E eu falo não fui eu que fiquei pequena, foi você que ficou grande, foi você que aprendeu. Mas me permita fazer o que eu fiz com você. Eu sempre me percebi como uma porta de acesso, como a primeira porta de acesso para que as pessoas que passassem por essa porta tivessem também o encaminhamento, para que elas tivessem para onde ir depois.”
“Hoje não estou mais à frente do negócio para que eu possa me dedicar a outros projetos e focar também na parte criativa, de criação de conteúdo e também formulando esses treinamentos para que esse legado seja passado, para que essa veia do entretenimento fique de fato como um legado dentro de mim.”
Eu comecei tudo muito sozinha, e eu apliquei ao meu negócio a mesma consciência financeira que eu tinha na minha vida pessoal. Então eu sempre fui muito prudente em relação ao caixa da companhia, principalmente porque naquela época não era uma companhia. Mas eu sempre tive muita cautela, muita precaução em dar passos do tamanho que eu podia. Durante muito tempo eu ocupei lugares de mente criativa: de vendas, de produto, de negócio, da negociação, da gestão das pessoas. Chegou uma hora que não deu mais para fazer tudo. Algum pratinho vai cair, e eu percebi que eu estava ficando doente. A gente fala muito de burnout e acredito que foi algo muito próximo disso que eu tive, porque chegou um momento em que eu não conseguia fazer mais nenhum desses papéis. E aí a pessoa física que está debaixo de todos os pratinhos falou para mim ‘não dá’.”
“Eu estou fazendo tudo aquilo que eu não fiz durante muito tempo. Eu sempre fui muito disciplinada. De uns tempos pra cá, me permitir pegar mais leve, sabe? A maturidade, a segurança financeira também te proporciona isso. Eu tinha essa urgência, tinha um medo muito grande de instabilidade financeira por tudo que eu vivi na minha família e tal. Então, para mim, chegar nesse lugar de poxa, posso respirar tranquilamente, está tudo certo, posso ajudar inclusive minha família naquilo que eles precisam. Ufa! Agora dá para viajar, agora dá para conhecer novas realidades. Eu tenho ido muito para aldeias indígenas, me conectar com a natureza, olhar para dentro. Comecei a meditar, enfim, é uma vida completamente diferente para mim.”
“Você começa a questionar porque será que as pessoas precisam ostentar? Precisam mostrar que são bilionárias, precisam mostrar que cresceram. Eu virei essa chata do rolê dentro desse universo de finanças, a chata nos lugares onde os bilionários estão. E aí agora eu fico cutucando-os para que eles doem mais, para que eles entendam o impacto do crescimento de suas empresas no planeta e nas próximas gerações. O quão bons ou maus ancestrais eles estão sendo neste momento, o quanto a dinâmica que nós temos é capitalista hoje? Não é sobre o capitalismo, não é o capitalismo que nós temos, mas a gente pode ter um capitalismo consciente, porque está ficando cada vez mais caro viver do jeito que a gente vive hoje.
Esse modelo de crescimento ano contra ano já se provou insustentável. O planeta não aguenta mais, vai ficar cada vez mais caro. Então, se não é pelo amor, então você tem que pagar pela dor mesmo. Quanto você gastou no último ano, por exemplo? Agora, com a tragédia do Rio Grande do Sul, o que custou para as empresas que estão lá e a gente não para pra pensar o quanto nós somos responsáveis por isso.”
Serviço
No Lucro – Com Phelipe Siani;
YouTube: Terça, 27 de agosto, às 12h, no canal CNN Pop
TV: Terça, 27, às 23h30, na tela da CNN Brasil. Horário alternativo: domingo, 01/09, às 16h