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João Kleber encara seus próprios barracos no programa “ No Alvo”

Apresentador relembra bastidores, responde acusações, fala de brigas com Claudete Troiano e Rafinha Bastos, e defende o Teste de Fidelidade até o fim

João Kleber marcou presença no programa “No Alvo” desta última segunda-feira, 18 de agosto. O apresentador popular e polêmico começou entre os gigantes da TV, como Chico Anysio e Chacrinha. Era roteirista de humor, mas o sucesso veio mesmo ao se tornar um atiçador de barracos da vida real. Autodeclarado “mestre de engajamento”, prendeu o público com flagra de traição ao vivo, lágrimas e gritaria de casal. Fez da vergonha alheia o gênero televisivo. E virou referência em transformar intimidade de anônimos em Ibope, no Brasil e na Europa. Incentivou pessoas comuns a contarem segredos chocantes diante das câmeras. Mas, foi ele quem foi para o paredão emocional de ontem.

O programa marcou boa audiência na Grande São Paulo e consolidou a vice-liderançaposição que ocupa desde a estreia. A atração foi ao ar das 23:20 à 00:15, e marcou 3,3 pontos de média, 8,7% de share e 5,6 pontos de pico.

Confira alguns trechos, em formato pingue-pongue, do episódio de “No Alvo” com João Kleber:

Você jurou que só 5% do Teste de Fidelidade era armado. Mas convenhamos, não seria mais honesto colocar um aviso tipo:  “Inspirado em surtos reais, mas com roteiro de novela barata”?

Bom, em primeiro lugar, dizer que o Teste de Fidelidade é um sucesso. Sobre os 5%, quando eu disse isso numa entrevista ao Flávio Ricco, já era uma forma de sinceridade. Quando eu digo produzir 5%, era uma forma de explicar que a pessoa que estava ali, no caso, testando o seu parceiro, sabia que haveria um teste lá também. Mas quando a pessoa começa a ver no palco o que está acontecendo, aí torna-se 100% real. E esse 5%, quando eu digo isso, é porque, para nós da produção, o importante na edição era mostrar exatamente a forma onde a pessoa estava se envolvendo, estava tendo um problema com o seu parceiro. Então, para mim, sempre foi real. Quando eu digo 5% era porque a gente tinha que ter um 5% para poder botar o programa no ar, por causa de muitos processos que nós tínhamos e muitas pessoas talvez poderiam desistir no dia da gravação. Então, o único motivo. Agora, sobre ser honesto, isso eu sempre fui. Isso aqui, para mim, sempre foi real, e para a produção a gente não precisava colocar isso, porque para nós sempre foi real. Então, se eu disse 5%, a prova maior de dizer da minha honestidade. Para mim, sempre foi real.

Você sempre disse que começou na Globo como roteirista de programa, como “Planeta dos Homens”. Mas seu nome não aparece em lugar nenhum. Nem nos créditos, nem no site “Memória da Globo”. E ninguém da equipe confirma sua participação. É “falha nossa” da Globo? Ou teria sido falha sua? 

Falha 100% da Globo, porque eu cheguei na Globo com 17 anos, eu comecei como roteirista e quando eu comecei como roteirista, era freelancer. Como qualquer emissora até hoje, você só ganhava um cachê de textos que ia pro ar. O texto vai pro ar, você ganha. Então, por mais de dois anos, eu comecei a fazer textos onde eu ganhava o cachê dos meus textos indo pro ar. Quando o “Planeta dos Homens” foi aos domingos, porque o Jô Soares foi fazer o “Viva o Gordo”, eu fui pros domingos, onde tinha Agildo Ribeiro, ali já não era mais o diretor, não era mais o Paulo Araújo, já era o Lúcio Mauro, ele era o diretor do programa aos domingos. E quem foi dirigir o programa do Jô Soares era o Cecil Thiré. Aí sim, quando eu fui pro “Planeta dos Homens” aos domingos, além de eu escrever alguns textos, eu também contracenava, inclusive algumas vezes, com o próprio Agildo Ribeiro. Então, acho que foi uma falha da Globo. Inclusive no memorial da Globo, não consta que eu apresentei o programa do Chacrinha, por exemplo. No memorial da Globo eu entro como apresentador de sucesso no “Re-Retrospectiva”. E a minha carreira decolou, na verdade, não foi nem no programa do Chacrinha e nem no “Re-Retrospectiva”, foi na Copa de 1986, que também não consta que eu tenha participado da Copa 86, inclusive como apresentador e humorista, na Copa do Mundo de 1986, que era apresentada pelo Fernando Vanucci e eu fazia os quadros de humor.

Muita gente reclamava do suspense eterno. Então responde agora, sem enrolar. Segurar audiência com promessas que nunca se cumprem é truque barato ou genialidade maligna?

Não, não, não. Eu sempre cumpri. Foram muito raras as vezes que não. O Teste de Fidelidade sempre tinha final. No “Você na TV”, sempre teve final. Só se houvesse algum tipo de problema com a programação. Mas o que acontece é o seguinte, no “Teste de Fidelidade”, onde eu surgi com o “para, para, para, para”, o suspense, eu tinha dois a três breaks comerciais. Eu tinha 10 merchandises, mais ou menos assim. No “Você na TV” eu chegava a ter 15 merchandises. Um programa de 1h30, 1h50 de conteúdo. Como é que eu podia fazer tudo isso sem dar audiência? Tinha que ter o suspense. Isso mostrou também uma habilidade minha, que até hoje, inclusive, me favorece, até para fazer eventos corporativos e palestras. De um formato que eu queria chamar de retenção magnética, porque reter as pessoas é um dom. Mas você para ter esse dom e ter sucesso com esse teu dom. Você precisa aperfeiçoá-lo. Você precisa estudar. Tudo é estudado. Tudo é programado. Outra frase que eu digo a vocês: “Até o improviso tem que ser programado”. Então para mim, sem enrolação, o suspense é uma técnica que é para poucos.

No “Tarde Quente”, você levou ao palco uma mulher que dizia ter uma filha com o Xororó. E depois isso se provou falso. Você disse que não sabia que era um cantor. Mas hoje vive citando o caso como o da filha do Xororó. Isso não é mais leviano do que se soubesse desde o começo? 

Olha, o caso não é bem assim não. Isso não procede. Quando aconteceu essa situação, nós levamos uma pessoa ao programa para falar. Nós sabíamos que ela iria dizer a respeito de um sertanejo. Quando ela disse sobre esse sertanejo, antes dela dizer, a minha equipe ligou para o Xororó dizendo que ela iria dizer que era ele. Ele não respondeu. Eu tinha um bom relacionamento com o Xororó, foi difícil para mim. Disse inclusive no programa que nós gostaríamos de tê-lo ali, se posicionado. Mas mesmo acontecendo tudo isso, tendo uma situação difícil até para mim, eu disse várias vezes em público que eu tinha me arrependido. Isso foi uma das poucas coisas que eu me arrependo de ter feito profissionalmente. Isso sim, eu me arrependo profissionalmente de ter feito. Até hoje o Xororó não me perdoou. O Xororó não me perdoou e hoje eu não preciso mais do perdão dele. Pelo contrário, eu desejo muita saúde e sorte para ele, para a família dele toda. Mas eu acho que quando você erra, tem que ter a humildade e a dignidade de pedir desculpa. Eu pedi desculpa em público para ele e peço novamente. Mas não quero o perdão de mais ninguém e nem dele principalmente. Mas foi um dos poucos erros que eu tive na minha vida profissional. Um dos poucos. Esse foi um deles.

Você saiu do auge da audiência para o limbo do desemprego. Foi censura mesmo? Ou o Brasil só cansou de ver você repetir o mesmo espetáculo de histeria com outro figurino? 

Não entendi a pergunta. Não entendi a pergunta. Sair do auge para o desemprego? Não tive nenhum desemprego. No Brasil? Não. Talvez você queira dizer em 2005, quando o programa saiu do ar. Isso pode ser. Mas ali foi um acordo que eu resolvi sair da Rede TV!, porque eu já trabalhava em Portugal. Eu já trabalhava em Portugal, na TVI, fazendo “Fiel ou Infiel”. Eu ficava 15 dias no Brasil, 15 dias em Portugal. Eu saí do ar no dia 14 de novembro de 2005, em primeiro lugar de audiência. No Ibope, da época, dia 14 de novembro de 2005, eu vi na TV o “Teste de Fidelidade” em primeiro lugar. Eu estava em Portugal quando recebi a notícia que o programa tinha saído do ar. Isso primeiro. Segundo, eu estava empregado lá em Portugal também. Eu tinha dois empregos, tanto no Brasil como em Portugal. E no Brasil, quando eu retornei, pediram para fazer uma reformulação no teste de fidelidade. Eu disse que reformular o teste seria impossível, aquele formato, naquele momento. Tanto eu como a Rede TV!, de uma forma cavaleira, resolvemos antecipar o término do meu contrato, que terminava em maio ou junho do ano seguinte, em 2006, e eu ia continuar só em Portugal. Eu preferi que, aquele momento, fosse serenar, deixar a poeira baixar e ir para Portugal. Até porque eu nunca fui notificado daquele processo contra a Rede TV! e contra o programa. Jamais, jamais, jamais. Se vocês entrarem nos autos do processo, vocês vão ver que o meu nome não é citado e nem fui notificado. Porque se eu tivesse sido notificado, eu, logicamente, iria tranquilamente responder. Eu acho que talvez pode ter sido uma censura em plena democracia, não sei. Mas eu nem considero isso, mas faz parte. Mas super tranquilo. Tanto que eu fiquei tranquilo, e eu e a Rede TV! sempre nos demos muito bem, tanto que eu retornei para a Rede TV! em 2013, a convite dos próprios donos de lá.

Por falar em tretas, como anda sua treta com a Claudete Troiano?

Isso eu posso falar tranquilamente. Eu fiquei muito magoado. Hoje, quem sou eu? Eu perdoo, porque eu acho que uma pessoa cristã como eu sou, e eu aprendi isso com a minha mulher, com a Mara Ferraz, eu acho que perdão é um ato nobre, né? Mas até pouco tempo eu não engoli essa situação, porque apesar dela pouco ter se dirigido a mim para se desculpar, porque foi uma leviandade com um colega, falar de um colega no mesmo horário do seu programa, levar pessoas no seu programa pra detonar o seu colega, tentar ter audiência no mesmo horário. Eu acho uma coisa que eu nunca vi na vida. As coisas que acontecem comigo são todas coisas inéditas. Sai a TV do ar e não sabia de nada, não tinha nada a ver com o negócio. Uma pessoa fala de mim no mesmo horário, o seu programa concorrendo comigo. Eu nunca tinha visto isso em televisão. Olha que eu acompanho bastante televisão. Eu não vi o Brasil ser descoberto, mas li a história. Eu não vi a TV nascer, mas acompanhei a história. Eu achei uma coisa muito deselegante, mas está perdoada, porque eu acho que a Claudete não podia ter feito o que fez. Eu jamais faria isso com um colega na televisão, até no pessoal. Quanto mais em público, eu jamais faria. Eu acho que se tem alguma coisa pra resolver, se foi… Vocês falam tanto de baixaria pela audiência, isso aí, simplesmente, foi uma situação pra ter 100% de audiência. E o pior é que não teve. E o pior é que a audiência veio pra mim. Porque as pessoas têm uma coisa que ninguém perdoa, que ninguém aceita, é o chamado dedo-duro. Ou a pessoa que faz um tipo de comportamento assim desleal. Isso foi um ato desleal. E de um colega ali concorrendo no mesmo horário. Mas hoje está super perdoada. Não quer dizer que eu tenha um convívio, jamais vou ter. Não é do meu perfil ter convívio. Mas tá perdoadíssima. A vida faz parte da gente ter esse tipo de situações. E tá resolvido, pra mim tá resolvido.

O Rafinha Bastos disse que quando o programa ia mal, você “cagava na cabeça de todo mundo”. Essa descarga emocional era só desespero de audiência ou tinha algo mais sombrio por trás?

O Rafinha Bastos, respeito muito ele como profissional, como humorista. O Rafinha gosta de chamar atenção, né? Depois fala que eu sou um cara que gosta de baixaria, barraqueiro. Eu simplesmente sou um profissional e faço o meu trabalho para poder ter audiência, sim. Não sou hipócrita, quero audiência. Mas ele é um excelente profissional, um excelente humorista. E ele gosta de sempre estar chamando atenção nas coisas. Mas o primeiro trabalho do Rafinha Bastos na TV do Brasil, quer dizer, na TV em São Paulo, foi como ator de pegadinha. Ele fez pegadinhas pra mim e foi excelente. Ele é muito bom. Agora, eu não lembro do meu programa ter baixas audiências. Muito pelo contrário. Meu programa, pra Rede TV!, na época que eu estava começando, e até hoje, as situações dos meus programas sempre tiveram um patamar muito elevado. Poderia não ter tido a audiência que eu esperava. Agora, sobre eu gritar, xingar, não. Poderia ter me alterado em ter cobrado. Cobrar? Cobrei sim. Eu cobrava. Eu acho que é uma cobrança que eu sempre fiz. Talvez hoje de forma diferente. Mas cobrar? Tem que cobrar. Qualquer profissional é cobrado. Eu sou cobrado também. Agora, não procede 100% do que ele disse, mas tudo bem. Se fala, faz parte.

“No Alvo” é exibido toda segunda-feira, às 23h15 (horário de Brasília), no SBT e no +SBT.

Thiaggo Camilo - @thiaggocamilo

Jornalista e assessor de imprensa. Foi jurado do quadro musical do programa Mais Show com Danny Pink na Rede Vida. Colunista do Tô Na Fama!, portal parceiro de conteúdo do IG. Atualmente está a frente da sua agência de comunicação e licenciamento. Instagram e Twitter @thiaggocamilo
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