
A estética íntima, por muitos anos tratada em conversas discretas e cercada de tabus, ganhou espaço nos consultórios e nas redes sociais. No podcast Mulheres Pod, a ginecologista Dra. Anamarya Rocha, especialista em rejuvenescimento íntimo, detalhou como os procedimentos voltados à região genital têm influenciado diretamente a autoestima e a vida sexual das mulheres — um tema que, segundo ela, ainda é negligenciado.
“Temos skincare para o rosto, para o corpo… e, na região íntima, muitas vezes só lavam e vão dormir. Falta informação e ainda existe muito tabu”, aponta.
Silenciamento histórico e impacto na autoestima
A médica lembra que, durante séculos, o corpo feminino foi analisado apenas sob a ótica reprodutiva — e o prazer da mulher, deixado de lado. Um dos exemplos que ela cita durante a entrevista é simbólico: a anatomia completa do clitóris só foi amplamente descrita e difundida há pouco mais de 20 anos.
“É o único órgão do corpo feminino exclusivamente voltado ao prazer, e demorou séculos para ser compreendido”, destaca.
Esse desconhecimento, segundo a ginecologista, ajuda a explicar por que tantas mulheres ainda sentem vergonha do próprio corpo, evitam se olhar no espelho e convivem com desconfortos funcionais e estéticos em silêncio.
Tecnologia a favor da saúde íntima
Os avanços tecnológicos transformaram o cenário dos procedimentos íntimos. O laser de CO₂ fracionado, por exemplo, permitiu que a maioria das cirurgias fosse realizada em ambiente ambulatorial, com anestesia local e alta no mesmo dia.
“A paciente vai à clínica, faz o procedimento e volta para casa andando, conversando, sem necessidade de internação”, explica.
O equipamento corta, cauteriza e estimula colágeno simultaneamente — o que reduz sangramento, acelera a cicatrização e torna a cicatriz praticamente imperceptível.
Procedimentos mais procurados
Entre os tratamentos mais buscados no consultório da médica estão:
- Clareamento íntimo
- Ninfoplastia
- Redução do capuz do clitóris
- Tratamentos para flacidez dos grandes lábios
- Rejuvenescimento vaginal
- Correções funcionais do assoalho pélvico
De acordo com Dra. Anamarya, cerca de 70% das pacientes vêm de fora de São Paulo ou até do exterior.
Clareamento íntimo: resultados reais, sem milagres
O clareamento é campeão de procura, mas exige acompanhamento.
“Quem promete clareamento total em uma única sessão não está sendo realista”, alerta.
A médica lembra que a região íntima é naturalmente suscetível ao escurecimento por conta do atrito, abafamento e variações hormonais.
Quando estética também melhora função
Muitas pacientes procuram os procedimentos motivadas por questões emocionais, mas os benefícios funcionais são igualmente relevantes. A ninfoplastia, por exemplo, pode aliviar:
- dor com roupas justas
- desconforto ao praticar esportes
- dificuldade de higiene
- odores
- infecções recorrentes
O procedimento também pode ser indicado para adolescentes, desde que já tenham atingido a maturidade sexual.
Depilação, flacidez e manchas
Durante a entrevista, a médica pontuou que técnicas de depilação influenciam diretamente a saúde íntima. Lâminas e ceras quentes podem provocar foliculite, manchas e até queimaduras.
Skincare íntimo e prevenção
Outro destaque foi o sérum íntimo vegano desenvolvido para:
- uniformizar o tom
- hidratar
- controlar odores
- proteger a pele do atrito e de micro-organismos
Segundo a ginecologista, o produto é seguro para adolescentes, gestantes e mulheres idosas.
Menopausa: ressecamento e dor têm solução
Para pacientes menopausadas, Dra. Anamarya associa diferentes abordagens — como reposição hormonal (quando indicada), laser de CO₂, exossomos e DNA de salmão — para restaurar a lubrificação e reduzir a dor na relação sexual.
Exossomos: nova fronteira da ginecologia regenerativa
A médica também destaca o avanço dos exossomos, reconhecidos pela forte capacidade de regeneração tecidual e estímulo de colágeno. Eles também apresentam ótimos resultados no tratamento de líquen escleroso.
Como escolher o especialista certo
Entre as recomendações da ginecologista estão:
- verificar CRM e RQE
- avaliar experiência do profissional
- solicitar fotos de antes e depois
- alinhar expectativas
- desconfiar de promessas de resultados “milagrosos”
“Ter bom currículo não basta. O médico precisa saber resolver o problema da paciente”, reforça.
Autoestima como propósito
“Eu não vendo cirurgia, eu vendo autoestima”, afirma.
Para a médica, cuidar da região íntima é um ato de saúde, autonomia e qualidade de vida. E o recado final é claro: nenhuma mulher precisa sofrer em silêncio. Com informação e profissionais qualificados, é possível tratar incômodos, recuperar a confiança e viver plenamente.
Confira a entrevista completa:

