
É impressionante observar a sociedade contemporânea e os milhões de aspectos e características diferentes de pessoas que vivem (ou sobrevivem) no mesmo espaço. A pós-modernidade tem uma peculiaridade de dimensões, na qual estamos em inércia em uma geração de relacionamentos líquidos e indivíduos multitarefas, novas concepções de arte e transfigurações culturais, cada vez mais acessos a informações valiosas em um tempo curto e, dessa forma, também, simultaneamente, estamos em busca de paz mental, saúde física, experiências analógicas e desaceleração.
Curioso pensar que a atualidade se encontra nesse impasse, pois é a prova viva de que os processos são cíclicos e a tendência é que procuremos conforto em alternativas mais simples. Há um medo em acompanhar os avanços científicos e as pesquisas que viabilizam soluções que nem imaginávamos ser possíveis ou que iríamos precisar um dia, justamente pela sensação do desconhecido. E quem diria que um dia estaríamos imersos em uma realidade high-tech, recheada de possibilidades, meios de comunicação, processos, setorizações e até casas inteligentes.
A inteligência artificial é um desses marcos, que surpreendentemente escalou de uma maneira quase sobre-humana, tomando proporções para além de sua condição inicial como assistente virtual. Os Estados Unidos vêm se engajando no assunto e recentemente anunciaram um projeto em vigência que busca estruturar uma escola baseada em IA, que substituiu os professores convencionais por “guias” de aprendizado, cuja função principal é motivar os alunos.
A Alpha School, baseada em um núcleo privado, determina um centro de educação para crianças e adolescentes, direcionado por programas digitais em sala de aula, que seriam capazes (em tese) de detectar o nível de conhecimento de cada aluno e oferecer um ensino personalizado e acelerado. Não há divisão de séries a partir da idade dos estudantes, que dividem o dia em disciplinas básicas como matemática e inglês, em apenas duas horas, e o restante do período é preenchido com aulas de socialização e aprendizados para a vida.
Há cerca de quatro unidades abertas, entre Texas, Flórida, Arizona e Califórnia, e custa, no mínimo, 40 mil dólares por ano (cerca de R$ 217,3 mil ou R$ 18 mil por mês). Para além de identificar as necessidades individuais dos alunos, os “guias de aprendizagem” oferecem suporte emocional e motivacional durante os estudos. Eles monitoram o progresso dos estudantes por meio de relatórios gerados pela IA e organizam oficinas e atividades que desenvolvem “habilidades para a vida”, como práticas de oratória e ensinamentos sobre finanças pessoais.
A motivação é baseada em recompensas, como tempo extra em tarefas ou moeda interna da escola, e o avanço ocorre por habilidades conquistadas, e não pela idade, do pré-escolar ao ensino médio. Como ressaltado, há algumas dinâmicas que ainda resistem ao conservadorismo e às particularidades da educação, que é uma prática humanitária (ou seria bom senso?). Por isso, especialistas criticam a carga horária reduzida, o excesso de telas e a dependência de recompensas externas. Também alertam para a falta de professores licenciados, prejuízos sociais e ausência de diversidade e padrões acadêmicos.
Escrito por Kethelyn Rodrigues, supervisionada por Henrique Souza.









