Coluna Tiago da Silva Candido

O salto da inteligência artificial nas indústrias brasileiras em 2025

Em 2025, a inteligência artificial (IA) se consolida como vetor de transformação nas indústrias brasileiras, segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec) mostra que, em apenas dois anos, o número de empresas industriais que utilizam IA saltou 163 %, passando de 1.619 em 2022 para 4.261 em 2024.

A força dos números

No primeiro semestre de 2024, 41,9 % das empresas industriais entrevistadas já declararam usar algum tipo de IA — uma parcela que era de 16,9 % dois anos antes. Essa escalada não é isolada: o setor de TI no Brasil projeta crescimento de 13 % para 2025, acima da média global, puxado por investimentos em computação em nuvem, automação, análise de dados e segurança digital.

O dado reforça um movimento mais amplo: pequenas empresas também estão evoluindo em seu grau de digitalização. Uma pesquisa do Sebrae indica que, em 2025, 76 % dos empreendimentos (micro, pequenas e médias empresas) já utilizam computadores em suas operações — houve aumento de seis pontos percentuais desde 2022.

No campo da política e da regulação

Enquanto o setor privado acelera na adoção tecnológica, o poder público também caminha para criar estruturas de governança. No âmbito federal, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) promoveu recentemente a primeira reunião do Grupo de Trabalho (GT) do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), cujo objetivo é validar dados, acompanhar resultados e orientar diretrizes éticas para a IA no país.

Paralelamente, estados começam a legislar por conta própria. Em Goiás, foi sancionada a Lei Complementar nº 205/2025, que constitui um marco legal pioneiro dedicado exclusivamente à IA. Entre seus dispositivos estão criação de “sandboxes” regulatórios, governança da IA, incentivo à educação em tecnologias avançadas, e uso de soluções abertas no setor público.

Outro exemplo notável é o Distrito Federal, que inaugurou, em maio de 2025, o Centro Integrado de Inteligência Artificial (CIIA‑DF) com aporte inicial de R$ 5 milhões. O centro reúne governo, academia e iniciativa privada para gerar projetos de aplicação de IA em áreas como saúde, educação e segurança pública.

Tendências que apontam para o futuro

Especialistas identificam direções que devem se intensificar nos próximos anos:

  • Agentes de IA (sistemas capazes de tomar decisões de forma mais autônoma) devem ganhar protagonismo.

  • Produção de vídeos realistas via IA deverá expandir rápido, reduzindo custos e democratizando capacidades que antes eram restritas.

  • Crescimento dos “mini modelos de IA” incorporados em dispositivos móveis, como smartphones, permitindo inferência local sem depender inteiramente da nuvem.

  • Computação quântica e 6G emergem como apostas para infraestrutura de processamento e conectividade de alta performance.

Desafios à frente

Apesar dos entusiasmos, o caminho ainda apresenta obstáculos: Teste IPTV

  • Escassez de mão de obra qualificada: tecnologias tão sofisticadas exigem profissionais com conhecimentos específicos — áreas como engenharia de dados, ética em IA e cibersegurança estão em forte demanda.

  • Marco regulatório nacional: a ausência de uma lei federal consolidada para IA gera lacunas de regulação, o que permite que estados criem legislações díspares — o que pode gerar insegurança jurídica.

  • Privacidade e proteção de dados: com modelos de IA que demandam grande volume de dados, garantir que a coleta e uso sejam seguros e em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é essencial.

  • Infraestrutura e desigualdade tecnológica: no Brasil, o acesso desigual à conectividade e a infraestrutura de computação pode limitar o uso eficiente de IA por empresas menores ou localizadas fora dos grandes centros.

Conclusão

O dado de que o uso da IA nas indústrias brasileiras aumentou 163 % em dois anos é mais do que estatística — é um indício claro de que estamos entrando em uma nova fase na modernização produtiva nacional. A combinação entre evolução tecnológica, regulação e investimento em capital humano será decisiva para que o Brasil não apenas acompanhe, mas lidere segmentos estratégicos no horizonte global.

Tiago da Silva Candido

Colunista de portais como Correio Braziliense, Tonafama, F5 online e Imprensa e Midia e mais 1500 sites.
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