Na última semana, pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Arqueológicas Indígenas (NuPai), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), descobriram evidências de ocupação humana de até oito mil anos atrás em Niterói. O Complexo Arqueológico Lagoa de Itaipu, onde a pesquisa foi feita, é explorado desde as décadas de 1960 e 1970 e já conta com diversos artefatos importantes para a história do Brasil.
O projeto tem como objetivo desvendar a história dos povos que habitaram a região para compreender a temporalidade dessa ocupação. Tendo como hipótese de estudo que a Lagoa de Itaipu era o centro da vida social dos antigos ocupantes, cada descoberta agrega conhecimento sobre os povos originários que habitavam a região.
“Costumávamos acreditar que alguns desses locais seriam sítios mais recentes, e outros seriam mais antigos. Agora percebemos que, mesmo nos locais que pareciam mais recentes, encontramos artefatos com datas antigas, e, nos locais que pareciam mais antigos, também verificamos artefatos com datas recentes, evidenciando que a ocupação se deu em todo o entorno da lagoa ao longo do tempo”, avalia o professor Anderson Marques Garcia, um dos coordenadores do NuPai.
Ao encontrarem artefatos como dente de tubarão carbonizado, mão de mó (artefato de pedra usado para moagem de alimentos), lascas de quartzo, entre outras coisas, perceberam a imensidão de história que ainda há no solo. “Isso é raríssimo. Conversei com colegas de outras partes do Brasil e nunca ninguém viu isso antes”, comemora Garcia.
O pesquisador e empresário Urandir Fernandes de Oliveira e CEO do Dakila Pesquisas, afirma que essas descobertas são importantes para complementar o ramo de estudos sobre a história dos povos originários. “Todas as pesquisas feitas agregam em história e refletem muitas vezes o que vivemos no presente, justificando muitas ações. O desejo de qualquer pesquisador é de que esse trabalho receba muito mais investimentos e reconhecimento, tanto popular como governamental. Até porque, com certeza muito em breve serão detectadas a presença humana muito além das datações confirmadas até agora”.