Criado no contexto das comemorações aos 100 anos do autor baiano Dias Gomes (1922-1999), o premiado O Bem Amado Musicado, dirigido por Ricardo Grasson, reestreia no dia 3 de junho no Teatro FAAP. O espetáculo segue em cartaz até 30 de julho, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h.
Com produção de Rodrigo Velloni, o trabalho estreou em 2022 e recebeu os prêmios Arcanjo de Cultura (destaque em teatro) e Prêmio DID (destaque em direção).
Escrita em 1962, “Odorico, o Bem Amado, ou Os Mistérios do Amor e da Morte” é considerada um clássico do teatro moderno brasileiro e ficou bastante conhecida pelo grande público ao ser adaptada na primeira telanovela exibida em cores no Brasil e a ser exportada. A versão, exibida pela TV Globo em 1973, era dirigida por Régis Cardoso e estrelada por Paulo Gracindo, Lima Duarte, Jardel Filho, Sandra Bréa, Ida Gomes e outros grandes atores.
“O Bem Amado é um marco do realismo fantástico brasileiro. Dias Gomes toca com o sincretismo peculiaridade e maestria, em temas mais que atuais e fundamentais para a informação e a formação de gerações, como a crítica contestadora, o tom sarcástico e demagogo, a política, os costumes moralistas, a diversidade, religioso, a relação entre homens e o poder subversivo e todas as suas consequências”, reflete o diretor Ricardo Grasson.
Ele ainda conta como decidiu montar esta obra: “Foi em uma entrevista, em um canal na internet, que ouvi o Cassio (Scapin) contando da vontade de representar o personagem Odorico Paraguaçu, pela importância do autor e do texto na atual situação em que nós, como cidadãos e artistas, nos encontrávamos. Liguei para o Cassio, nos conhecemos há alguns anos e durante este período de pandemia fizemos alguns trabalhos juntos, então fiz o convite: O que você acha de montarmos O Bem Amado? Ele disse sim!”.
A comédia satiriza o cotidiano de Sucupira, uma cidade fictícia no litoral baiano, onde vive o político corrupto e demagogo Odorico Paraguaçu. Como não há um cemitério na cidade, o que obriga os moradores a enterrar seus mortos em municípios vizinhos, ele se elege prefeito com o slogan “Vote em um homem sério e ganhe um cemitério”.
O grande problema é que não morre ninguém em Sucupira para que o cemitério seja inaugurado. E, para resolver esse dilema e não perder o apoio de seus eleitores, ele se alia ao terrível pistoleiro Zeca Diabo, que foi expulso da cidade. O que ele não sabe é que o matador não pretende matar mais ninguém, pois deseja virar um homem de Deus.
Para trazer ao palco a pequena, seca, rude, litorânea e quente cidade de Sucupira, Grasson conta que procurou referências nas bases do realismo fantástico. “Somos inspirados pelos filmes de Federico Fellini, pela xilogravura nordestina moderna com influência de obras de artistas como Speto, pelo teatro popular brasileiro e pelos movimentos e desdobramentos da confecção dos livros ‘pop up’ (tipo de ilustrações em dobraduras de papel que saltavam dos livros)”, revela.
Ele ainda acrescenta que busca uma encenação de contornos populares, vibrantes, alegres e tipicamente brasileiros. “Queremos uma encenação enraizada na cultura nordestina brasileira, na interpretação e composição visceral dos atores e na linguagem de alcance direto, popular”.
E, sobre o processo de musicar a obra de Dias Gomes, o encenador comenta: “Incorporar na obra as músicas originais, somará nas nuances dramatúrgicas linguísticas típicas do autor, em brasilidades necessárias, transpondo para elementos e personagens da cultura nacional referências cotidianas e místicas, originárias nos personagens criados e descritos pelo autor”.
Sinopse
O BEM-AMADO, de Dias Gomes é uma comédia que satiriza o cotidiano de uma cidade fictícia no litoral baiano, o “bem-amado” em questão é o corrupto e demagogo Odorico Paraguaçu, candidato a prefeito de Sucupira, adorado pela maior parte da população. Como não há um cemitério na cidade, o que obriga os moradores a enterrar seus mortos em municípios vizinhos, o político se elege com o slogan “Vote em um homem sério e ganhe um cemitério”. A grande questão para Odorico é que não morre ninguém para que o cemitério seja inaugurado. O prefeito resolve, então, lançar mão de todo tipo de artifício para não perder o apoio popular, até mesmo consentir a volta à cidade do terrível pistoleiro Zeca Diabo, com a total garantia de que ele não será preso. Há a esperança de que ele mate alguém e lhe arranje um defunto. O prefeito só não imaginava que Zeca Diabo volta a Sucupira disposto a nunca mais matar ninguém, pois quer virar um homem correto, um homem de Deus! No final da trama, é o próprio Odorico quem inaugura o cemitério, após ser morto com tiros por Zeca Diabo. Todos lamentavam-se. O prefeito Odorico tornou-se um mártir.
Ficha Técnica
Autor: Dias Gomes
Direção: Ricardo Grasson
Produção: Rodrigo Velloni
Letras e Músicas: Zeca Baleiro e Newton Moreno
Arranjos: Zeca Baleiro e Marco França
Direção Musical e Música Original (Instrumental): Marco França
Cenário: Chris Aizner
Desenho de Luz: Cesar Pivetti
Figurino: Fábio Namatame
Direção de Movimento e Coreografia: Katia Barros e Tutu Morasi
Designer Gráfico e ilustrações: Ricardo Cammarota
Fotografia: Ronaldo Gutierrez
Preparação Vocal: Marco França
Visagismo: Alisson Rodrigues
Adereços: Kleber Montanheiro
Diretor Assistente: Pedro Arrais
Designer de Som: Fernando Wada
Direção de Palco: Jones de Souza
Camareira: Luciana Galvão
Contrarregra: Eduardo Portella
Assistente de Luz e Operador: Rodrigo Pivetti
Cenotécnico: Alicio Silva
Produção Executiva: Swan Prado
Assistente de Produção: Adriana Souza
Captação, Criação de Conteúdo e Mídias Sociais: GaTú Filmes
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Assessoria Jurídica: Martha Macruz de Sá
Gestão Financeira: Vanessa Velloni
Idealização: Ricardo Grasson, Heitor Garcia e Cassio Scapin
Realização: Velloni Produções Artisticas
Elenco:
Cassio Scapin
Eduardo Semerjian
Paulo de Pontes
Luciana Ramanzini
Kátia Daher
Lola Fanucchi
Ando Camargo
Magno Argolo
Heitor Garcia
Roquildes Júnior
Músicos
Dan Maia
Bruno Menegatti
Daniel Warschauer
Roquildes Júnior
Serviço
O Bem Amado Musicado
Temporada: 3 de junho a 30 de julho,
Às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h
Teatro FAAP – Rua Alagoas, 903 – Higienópolis, São Paulo
Ingressos: R$80 (inteira), R$40 (meia-entrada)
Duração: 110 minutos
Classificação etária: 12 anos
Gênero: Comédia musicada
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida