Em um revés significativo para a iniciativa ambiental no Brasil, a RE.GREEN, fundada por um consórcio de investidores de peso, incluindo Moreira Salles, Arminio Fraga, Lanx e Dynamo, enfrentou uma negativa em seu primeiro projeto de carbono pela Verra VCS, uma autoridade líder em certificação de créditos de carbono com sede em Washington.
A decisão, publicada esta semana no site da instituição, evidencia as rigorosas exigências do setor e os desafios técnicos enfrentados pelas novas empresas na área.
De acordo com informações divulgadas pelo Verra, a recusa do projeto da RE.GREEN baseou-se em várias falhas críticas, incluindo a definição inadequada de cenários de linha de base e adicionalidade, avaliação inadequada dos critérios de elegibilidade do projeto, e a definição imprecisa da data de início do projeto. Estes elementos são fundamentais para assegurar a integridade e a eficácia dos projetos de crédito de carbono, refletindo a complexidade e a precisão necessárias para atuar neste campo emergente.
A Verra emitiu uma nota oficial esclarecendo sua posição: “A documentação do projeto foi considerada incompleta, de qualidade insatisfatória e/ou não conforme com as regras do Programa VCS, conforme estipulado na Seção 4.3.5(1) do Processo de Registro e Emissão, versão 4.4.” Esta declaração sublinha a importância de aderir estritamente aos protocolos estabelecidos para garantir que projetos de compensação de carbono sejam reconhecidos e validados apropriadamente.
A negativa do projeto evidencia a lacuna existente entre a percepção e a realidade na geração de créditos de carbono, especialmente em mercados emergentes como o Brasil. A obtenção de certificados exige não só capital intensivo mas também um alto grau de especialização técnica e conhecimento detalhado das normativas vigentes. Especialistas no setor destacam a importância crítica da capacidade de implementação de projetos de restauração florestal no campo aliado à qualidade técnica das equipes envolvidas no desenvolvimento dos projetos de créditos de carbono.
O mercado de créditos de carbono está se direcionando para padrões cada vez mais elevados de precisão e confiabilidade, baseado em alta integridade, exigindo uma nova postura das empresas sobretudo no quesito técnico.
A negativa por parte do Verra serve como um alerta para a RE.GREEN e outras empresas no setor, sinalizando a necessidade de fortalecer as competências técnicas e aprofundar o entendimento das regulamentações internacionais para assegurar a viabilidade e o sucesso de futuros projetos de crédito de carbono.
Até o momento da publicação desta matéria, a RE.GREEN não havia se pronunciado oficialmente sobre a decisão da Verra ou sobre seus planos para ajustar e atender aos rigorosos critérios exigidos para a certificação de seus projetos de carbono.