Cinema

Com filmagens subaquáticas e tecnologia nacional, “Pluft, o Fantasminha” estreia nos cinemas em 21 de julho

“Pluft, o Fantasminha”, dirigido por Rosane Svartman e produzido por Clélia Bessa, estreia nos cinemas na próxima quinta-feira, dia 21 de julho, em 450 salas por todo o país, com o título de primeiro filme infantil brasileiro de live-action em 3D, além do pioneirismo com filmagens subaquáticas para dar vida ao universo fantástico do mundo dos fantasmas.

Com elenco estrelado por Juliano Cazarré, Fabiula Nascimento, Arthur Aguiar, Lucas Salles, Hugo Germano, participações especiais de Orã Figueiredo, Gregório Duvivier, Simone Mazzer, Ariane Souza, Thaís Souza e Ricardo Kosovski, o longa apresenta ainda os jovens atores Lola Belli e Nicolas Cruz – que interpretam Maribel e Pluft, respectivamente. Com produção da Raccord Filmes, coprodução da Globo Filmes e do Gloob e distribuição da Downtown Filmes, a obra é a adaptação para o cinema da clássica peça de teatro escrita por Maria Clara Machado e encenada pela primeira vez em 1955. 

“Estamos falando de um patrimônio não só material, mas que permeia o imaginário de muita gente. Por isso fomos atrás de todas as possibilidades para que esse filme pudesse acontecer da melhor forma possível”, disse a produtora Clélia Bessa em coletiva de imprensa realizada nesta semana. “Um dos grandes desafios era traduzir a mágica do teatro para o cinema, isto é, quais ingredientes poderíamos buscar para que isso acontecesse. Meu papel, como diretora, foi ouvir, escutar e absorver, e o da Clélia foi fazer acontecer. Assim, esse mundo foi construído e conseguimos contar uma boa história”, completou Rosane Svartman. 

pluft e maribel
Nicolas Cruz e Lola Belli interpretam Pluft e Maribel na versão do clássico para os cinemas

Com roteiro assinado por Cacá Mourthé, sobrinha de Maria Clara Machado, e José Lavigne, que trabalharam por muitos anos com a autora no Teatro Tablado, “Pluft, o Fantasminha” tem trilha sonora original de Tim Rescala e conta com interpretações de Frejat, Simone Mazzer, do Coral da Gente com a Orquestra Sinfônica de Heliópolis e do coro infantil da UFRJ, acompanhados de piano, violinos, flautas, contrabaixos, percussão, bateria e trompete. 

Na história, a menina Maribel (Lola Belli) é sequestrada pelo pirata Perna-de-Pau (Juliano Cazarré), que quer usá-la para achar o tesouro deixado pelo seu avô, o falecido Capitão Bonança Arco-íris. Na casa abandonada onde o capitão morou, Maribel espera pela ajuda dos marinheiros Sebastião (Arthur Aguiar), João (Lucas Salles) e Juliano (Hugo Germano), amigos do velho capitão, que saem em uma atrapalhada busca pela garota. Eles não chegam nunca e ela acaba conhecendo o fantasminha Pluft (Nicolas Cruz), que morre de medo de gente, além da Mãe Fantasma (Fabiula Nascimento) e do Tio Gerúndio (José Lavigne). Ao conhecer Maribel, o fantasminha dá seu primeiro passo para enfrentar o seu medo de gente. Uma grande amizade surge desse encontro – e também planos para enfrentar o Perna-de-Pau e assim libertar a garota. Escrito para crianças, o texto atravessa diversas gerações e provoca – além dos sentimentos nostálgicos e afetuosos – a reflexão sobre enfrentar o desconhecido, como o afeto pode ajudar a lidar com o medo e conquistar a liberdade. 

“O filme é maravilhoso e tenho muito orgulho de fazer parte dele. É uma história que ajuda as crianças terem noção de bem e de mal. ‘Pluft’ é um conto de fadas brasileiro, contemporâneo e também atemporal. Hoje em dia, temos educado as crianças pensando na informação, quando o certo é investir na formação. Acredito no caminho da contação de histórias, e não em pensar desde cedo nos conceitos por trás das histórias”, observou o ator Juliano Cazarré, que interpreta o pirata Perna-de-Pau. “Esse é um projeto corajoso, feito por mulheres fortes. É importante investirmos na formação de plateia não só nos palcos, mas também no cinema, que é esse lugar tão mágico. É muito bom que a gente produza cada vez mais para crianças”, acrescentou Fabiula Nascimento, que no filme dá vida à Mãe Fantasma. 

Assista ao trailer: https://www.youtube.com/embed/uZrcidG34Ck


“Estamos falando de uma obra muito importante, que é um dos principais textos para criança já feitos. Por isso é uma responsabilidade imensa. Mas contamos com parceiros que foram chaves nessa transposição do teatro para o cinema. A base que Cacá e Zé (os roteiristas) nos deram foi muito importante. Eles sabiam onde a Maria Clara estava quando começou a escrever essa história, contaram casos de montagens de ‘Pluft’ já feitas… Então foi uma base muito sólida, que nos permitiu realmente pensar em como esse universo iria para o cinema. Não queríamos fazer teatro filmado. Eu sei o quanto foi complexo, embora pareça simples. Nada é mais difícil do que a simplicidade. Conseguimos chegar em uma história com começo, meio e fim, mas isso só foi possível com a ajuda de pessoas que são ligadas ao Tablado, à Maria Clara e à sua obra, que fizeram com que tivéssemos mais segurança nesse desafio”, contou Rosane, mais tarde, em entrevista exclusiva para TELA VIVA. 

Curiosidades e inovação 

Rosane Svartman e Clélia Bessa tinham um grande desafio antes mesmo do roteiro: dar veracidade à magia de “Pluft” do teatro nas telas de cinema. Inspiradas pelo ilusionista francês Marie-Georges-Jean Méliès, que foi um dos precursores do cinema e dos efeitos especiais, no início do século XX, e a partir de diversos testes feitos depois da indicação do clipe subaquático de “Only You”, do Portishead, surgiu a ideia de usar uma piscina como possibilidade para dar vida aos fantasmas. O “piloto”, feito numa piscina de natação para crianças no clube do Flamengo, com Rosa, filha de Rosane, e mais cinco amigos, foi aprovado por Cacá Mourthé. Então iniciaram a busca pela piscina, equipe e formatos ideais. A piscina que deu formato e vida aos fantasmas de Pluft foi encontrada no corpo de bombeiros de Franco da Rocha, cidade do interior de São Paulo. Por duas semanas, equipe e elenco se prepararam e filmaram no local, com tecnologia, preparadores e profissionais especializados em filmagens subaquáticas com equipamentos, inclusive, desenvolvimentos a partir do briefing da produção. 

“O técnico de cinema brasileiro é, tradicionalmente, muito inventivo, faz parte da nossa essência. Temos diretores e roteiristas muito criativos e uma alta capacidade de produção. Só não temos o orçamento. Ideias bem realizadas e recursos limitados são coisas difíceis de casar. E esse foi um grande desafio para o ‘Pluft’: chegar nesse equilíbrio. Talvez tenha sido o projeto mais difícil que já fizemos. Mas tudo foi muito bem pensado desde o início, no roteiro. Tudo o que estava no roteiro era factível. Foram muitas tentativas e muitos testes. Esse projeto, como deveria ser com todos os outros do cinema brasileiro, teve muito tempo de testes, o que nos permitiu cometer erros e acertos. É importante para o desenvolvimento. É muito melhor errar no teste e não no filme”, analisou Clélia, também em um bate-papo exclusivo. 

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Juliano Cazarré, o Pirata Perna-de-Pau, acredita no poder da contação de histórias

Tecnologia 100% brasileira 

Encontrada a fórmula para levar a magia do universo de “Pluft” para o cinema, o novo desafio era casar o orçamento com a tecnologia. Rosane e Clélia escutaram diversas vezes que deveriam buscar profissionais e equipamentos no exterior, mas preferiram buscar dentro do audiovisual brasileiro as pessoas que poderiam abraçar a proposta da obra. Nessa pesquisa, tornaram o filme 100% brasileiro e ainda contam com nomes que já participaram de superproduções internacionais, como Sandro Di Segni, da O2 Pós, responsável pela supervisão de efeitos e que assumiu a mesma função em “Aladdin” e “Jurassic World”, assim como Roberto Faissal, com a inteligência da direção de fotografia subaquática, e o coordenador subaquático, Rodrigo Figueiredo. 

“Nosso cinema de fantasia e de gênero precisa pensar em estratégias diferentes do cinema de fora. Isso é possível. Desde o começo nos perguntamos ‘será que só tem esse jeito de fazer fantasma?’. Fomos buscar outras formas. Não queríamos usar a mesma ferramenta tecnológica e a computação gráfica presente em outros filmes, como ‘Harry Potter’, por exemplo. Não seria competitivo. Preferimos testar, fazer uma coisa mais artesanal. O grande objetivo era contar bem essa história – mais do que ostentar um truque bacana ou uma tecnologia complexa. Usamos vários caminhos – água, maquete, motion capture – sempre pensando em contar a história e fazer parecer que é simples, que as coisas estão acontecendo ali em cena mesmo. Essa foi a nossa estratégia para fazer um filme competitivo e com um orçamento possível”, explicou Rosane. 

O resultado foi um filme artesanal, que conta com esses “truques” de produção, mas também comercial, uma vez que traz um elenco conhecido, uma propriedade intelectual que já é parte da cultura brasileira e também a questão do 3D. “A escolha pelo 3D, além de ter combinado com a narrativa, tem a ver com o fato de que estamos falando de um filme que pretende ser comercialmente interessante. Para o cinema infantil, é um atrativo a mais”, revelou Clélia. 

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Cenas de Fabiula Nascimento como Mãe Fantasma foram feitas embaixo d’água

Expectativas para a estreia 

O filme foi gravado há cinco anos e só agora será lançado nos cinemas. “Esse longo caminho que percorremos foi para chegar nesse momento. Por isso, a expectativa é imensa, mas ao mesmo tempo temos a certeza de que estamos entregando o melhor filme que poderíamos ter feito. Contamos com parceiros muito importantes nesse momento de estreia, como exibidores, distribuidores, e também nossos coprodutores. Escolhemos esperar os cinemas reabrirem. No período da pandemia, muitos filmes pularam ou passaram rapidamente pela janela do cinema. Mas nós resolvemos esperar para que o público tivesse a experiência de ver um filme brasileiro em 3D nos cinemas”, pontuou Rosane. 

“Esse tempo serviu para gente entender as coisas um pouco melhor. Alguns filmes importantes brasileiros voltados para o público infantil – como ‘Turma da Mônica’ e ‘D.P.A.’ – foram pioneiros nessa retomada e mostraram que tem espaço, que tem público para esses filmes. Temos uma tradição forte de filmes para crianças no cinema nacional, o que é um alento. Ir ao cinema para assistir a um filme infantil é uma escolha da família, então esperamos que as famílias confiem que entregamos um filme a altura delas”, concluiu Clélia. 

“Pluft, o Fantasminha” tem investimento do BNDES, Librelato, RioFilme, órgão que integra a Secretaria de Governo e Integridade Pública da Prefeitura do Rio. O filme foi desenvolvido com recursos do Programa de Editais da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro 2011/2012. A obra contou com recursos públicos geridos pela Agência Nacional do Cinema – ANCINE e com investimentos do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA administrados pelo BRDE. 

Thiaggo Camilo - @thiaggocamilo

Jornalista e assessor de imprensa. Foi jurado do quadro musical do programa Mais Show com Danny Pink na Rede Vida. Colunista do Tô Na Fama!, portal parceiro de conteúdo do IG. Atualmente está a frente da sua agência de comunicação e licenciamento. Instagram e Twitter @thiaggocamilo
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