A estética clean girl surgiu como uma proposta que valoriza a beleza natural e atemporal, e tem sido adotada por celebridades e por quem gosta de um visual clássico. Dados do Google Trends apontam que o interesse pelo estilo vem crescendo desde 2022.
O conceito se baseia na simplicidade e na sofisticação, sem excessos. O movimento destaca a preferência por um visual minimalista, por meio do qual a maquiagem simples realça o brilho natural da pele, em contraposição ao exagero de produtos e técnicas elaboradas.
Paralelamente, o setor de beleza registra projeções otimistas. Segundo informações do Statista, o mercado mundial de cuidados pessoais deve alcançar US$ 673,70 bilhões em 2025. O visual clean girl substitui o excesso por sutileza, mas, ainda assim, impulsiona o consumo de produtos do segmento.
A proposta clean girl define um visual minimalista marcado por pele viçosa — que exige bons cuidados de skincare. É originada do conceito make up no make up, e a estética prioriza uma maquiagem leve e natural, que evita a artificialidade. E não para na pele: tem espaço para roupas em tons neutros e acessórios discretos.
Especialistas de moda associam o estilo a uma reinterpretação da elegância dos anos 1990, quando o “menos é mais” orientava as escolhas estéticas. Além disso, a crescente demanda por produtos mais suaves tem impulsionado buscas por itens como o body splash – um perfume de composição leve que reforça a proposta de frescor.
No Google Trends, é possível visualizar que o termo “o que é body splash?” teve seu último pico de popularidade em agosto de 2024, quando chegou a 91 pontos no total de 100, enquanto a busca por “clean girl” chegou a 100 no mesmo período. A análise levou em conta os dados de 2020 a 2025.
Diversidade ainda é desafio
Entretanto, consultoras de imagem, como Natália Marques, alertam para os desafios do padrão clean girl. Em entrevista à imprensa, a própria Natália ressalta que “essa estética traz o estereótipo da pele impecável, perfeita, mas ninguém tem a pele assim”, caracterizando um retrocesso que ignora as imperfeições naturais. Segundo ela, o ideal é valorizar a autenticidade e abraçar a diversidade dos traços humanos.
Embora o conceito clean girl defenda a beleza natural, ele apresenta limitações quanto à representatividade. Em entrevista à imprensa, a influenciadora digital Carol Soares critica o padrão e afirma que mulheres não brancas enfrentam barreiras para alcançar o visual proposto. De acordo com ela, a estética exige procedimentos dispendiosos e adaptações, como alisamentos e uso de laces para camuflar traços naturais.
A fala de Carol Soares mostra consonância com os dados da pesquisa Creators e Negócios 22 YouPix Summit: apenas 18,9% dos criadores brasileiros no segmento da moda são não brancos. Por outro lado, levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que as pessoas negras são 56% da população no país.
Maximalismo: uma alternativa para quem quer ousar
Em contraposição ao minimalismo das clean girls, o maximalismo desponta como uma alternativa que celebra a exuberância e a individualidade. Essa tendência adota looks ousados, cores intensas, estampas arrojadas e acessórios marcantes para resgatar a opulência e o contraste presentes em movimentos artísticos como o Barroco e o Art Déco.
A consultora de estilo Ana Vaz explica, em entrevista à imprensa, que o maximalismo está intimamente ligado ao desejo de expressar singularidade e representa uma ruptura com a proposta silenciosa e minimalista de tendências como o quiet luxury.
Atualmente, fashionistas que optam pelo maximalismo valorizam combinações criativas que permitem a livre expressão da personalidade, promovendo uma estética em que cada detalhe ganha destaque, contrastando com a simplicidade e a sutileza da clean girl.
