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Assessoria de imprensa que não cuida da imprensa: quando o despreparo vira descaso

O papel de uma assessoria de imprensa é, por definição, cuidar da comunicação entre uma instituição e os veículos jornalísticos. Mas o que acontece quando essa ponte vira um muro? Quando, em vez de facilitar o trabalho da imprensa, a assessoria se torna um obstáculo — ou pior, uma armadilha que desrespeita o trabalho de jornalistas?

Nos bastidores de eventos públicos, culturais, políticos ou corporativos, cresce a insatisfação entre repórteres, fotógrafos e cinegrafistas diante de assessorias que falham em sua função mais básica: atender a imprensa.

Em diversos relatos obtidos pela reportagem, profissionais da mídia denunciam situações recorrentes de falta de suporte, informações desencontradas, credenciamentos mal organizados e, principalmente, o que mais irrita: o completo silêncio após os erros. “Nos tratam como palhaços”, desabafa uma jornalista que prefere não se identificar por receio de retaliações. “Nos credenciam para os eventos, nos fazem esperar por horas, e simplesmente ignoram nossa presença quando mais precisamos de informação ou acesso.”

Credenciamento sem retorno: a nova armadilha

Uma prática cada vez mais comum é o chamado “credenciamento de fachada”. A imprensa é convidada, preenche formulários, tem seus dados coletados — e depois é abandonada no evento. Sem um ponto de apoio, sem releases atualizados, sem entrevistas organizadas e, em muitos casos, sem sequer poder acessar os espaços prometidos.

A gente é chamado como se fôssemos prioridade, mas na prática parecemos invisíveis”, diz um fotógrafo veterano. “Chegamos, ninguém sabe de nada, e a assessoria desaparece. Quando questionamos, somos tratados com frieza, ou simplesmente ignorados.”

Falta de preparo ou desrespeito?

A ausência de um atendimento básico levanta uma dúvida legítima: é despreparo ou desrespeito? Para especialistas em comunicação, ambos os fatores podem estar em jogo. “Tem assessorias formadas por profissionais que nunca trabalharam diretamente com a imprensa. Não conhecem o ritmo, a pressão de uma cobertura e não sabem como lidar com o básico. Isso, somado à arrogância de alguns contratantes, gera o caos”, explica uma professora de jornalismo e assessoria.

Quem perde com isso? Todos.

Quando a imprensa é maltratada, o maior prejudicado é o próprio evento — e a imagem da empresa, figura pública ou instituição envolvida. O papel do jornalista não é o de bajulador ou figurante. É o de informar com credibilidade. E, para isso, precisa ser respeitado e ter condições mínimas de trabalho.

Sem essa estrutura, muitos veículos simplesmente optam por não cobrir mais determinados eventos. E a falta de cobertura é apenas o primeiro efeito colateral: o descrédito vem em seguida, atingindo diretamente a reputação de quem deveria zelar pela boa imagem.

Conclusão: respeitar a imprensa é respeitar a informação

Assessoria de imprensa que não cuida da imprensa é um contrassenso — e um problema grave para a comunicação moderna. Ignorar os profissionais da notícia é jogar contra o próprio time. É hora de rever práticas, valorizar quem comunica e lembrar: sem imprensa, não visibilidade. Sem respeito, não credibilidade.

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