
A espécie humana moderna ou Homo sapiens sapiens, surgiu no continente africano há cerca de 200 mil anos em um processo evolutivo longo e que propiciou várias adaptações ao clima, ao senso de caça para a civilidade, ao processo fabril com a construção de ferramentas, até a estruturação das cidades que conhecemos hoje. Desde que criamos a necessidade de registro para que as informações fossem passadas através das gerações, o potencial humano não parou de surpreender.
A ciência está sempre apostando em expertises para desvendar e explorar a Terra da melhor forma possível com a expectativa de descobrir como nossos antepassados viviam, se aqueciam, comiam ou se comunicavam. Recentemente, pesquisadores recuperaram os primeiros genomas completos de habitantes do “Saara Verde” que viveram há 7.000 anos, no qual descobriram que a população do local era completamente isolada em uma savana verde e cheia de vida.
Localizado no que agora é um abrigo rochoso de Takarkori, no Sudoeste da Líbia, as dunas arenosas do deserto do Saara já foram um lugar de árvores, lagos e muitos animais. A escavação revelou informações genéticas detalhadas dos restos mortais de duas mulheres que estavam surpreendentemente preservadas e foi a primeira vez que os cientistas conseguiram sequenciar genomas tão completos de pessoas que viviam em regiões tão quentes.
O estudo dos códigos genéticos podem ajudar na identificação de ancestralidade de uma população, migrações e as evoluções, mostrando origens geográficas e características físicas e essa descoberta no Saara, por exemplo, identificou que a evidência de endogamia, ou seja, a união entre indivíduos aparentados, era muito baixa. É um trabalho árduo e que envolve uma série de fatores, no qual não é à toa que só foi possível ler um genoma completo em 2021, com o avanço da tecnologia.
O DNA é responsável também pela distinção das pessoas, que carregam 30 mil genes, ao todo. Apesar de toda a importância que às vezes uma gota de sangue pode oferecer, algo que intriga os geneticistas até hoje são os chamados DNA-lixo, o que explicaria o porquê de 45% de todo o código, não ter uma função. Hoje, sabe-se que essa porcentagem é fundamental na regulação e no controle da expressão de genes, podendo diferenciar células-tronco em neurônios, além de que se eles se expressam de modo ou em tempo errados podem provocar a formação de tumores.
“Conforme pesquisas de Dakila, o DNA lixo pode indicar habilidades especiais entre os seres humanos, o que implica uma utilidade futura para o surgimento de novos estudos e um desdobramento do fazer ciência que sai um pouco do óbvio”, disse o pesquisador, Urandir Fernandes.