
Nascida em Florianópolis e com uma infância dividida entre o Brasil e os Estados Unidos, Juliana Barbato cresceu com uma convicção profunda, de que seu propósito era transformar vidas. Carregando esse sentimento desde muito nova, ainda no exterior com notas exemplares e sempre mantendo uma visibilidade em meio aos outros colegas, com apenas 9 anos, Juliana se destacou como aluna de honra, por ajudar uma colega em matemática, mesmo sem saber inglês. A volta ao Brasil na adolescência, por volta dos 17 anos, foi desafiadora, especialmente pela barreira do idioma, mas não o suficiente para afastá-la de seus objetivos. “Eu não consigo lembrar de mim sem esse desejo de ajudar as pessoas, de mudar o mundo, fazer parte dessa mudança para o melhor”, afirma.
Com a vontade latente de cuidar do próximo, ainda na juventude tinha o sonho de cursar medicina, mas influenciada pela mãe e inspirada pela carreira do pai psicólogo, encontrou no cuidado da mente humana um caminho natural. “Comecei na fisioterapia, mas logo fui aprovada na psicologia e apesar do meu português ruim, minha curiosidade e vontade de fazer diferente sempre me guiaram.”
Durante a graduação, Juliana direcionou seu foco para o comportamento infantil, e foi ali que teve seu primeiro contato com o autismo. Desde o início, o encantamento com o tema foi instantâneo e sua trajetória é marcada por iniciativa e coragem, já que com poucos pacientes no início, ela bateu na porta de um plano de saúde pedindo para ser credenciada e, de uma semana para outra, sua agenda saltou de 15 para 60 crianças. “Pensei: ou eu ligo para cada um e cancelo, ou enfrento. E eu fui enfrentar. E como eu vi o dom que eu tinha com criança, e com crianças com atraso no desenvolvimento ou transtornos, eu fui realmente me especializando e me diferenciando nessa área”.
Com o tempo, percebeu que o atendimento individual não era suficiente para suprir a demanda e a partir do incentivo de uma mãe, que a incentivou a montar sua própria equipe, nasceu o Grupo Integrar, um centro de desenvolvimento voltado para crianças e adultos com autismo e outros atrasos no desenvolvimento. Motivada ainda por centros norte-americanos que visitou pessoalmente, Juliana criou um ambiente acolhedor, que foge da estética clínica tradicional. “O espaço ficou conhecido como ‘a Disney do desenvolvimento’ e hoje a nossa dificuldade é fazer as crianças irem embora e onde antes a gente tinha que montar estratégia para a criança querer ficar, gostar da terapia, atualmente a gente tem que montar estratégias para a criança querer ir sem emitir um comportamento inadequado, porque quer ficar.”
A paixão por ensinar e multiplicar saberes levou Juliana além do consultório e a resposta veio em forma de inovação, pois ela criou um desenho animado educativo, com base em técnicas científicas como a vídeo-modelação e as histórias sociais, focando no ensino de habilidades essenciais como escovar os dentes, fazer amigos ou lidar com a frustração. A personagem central, Jujuba inspirada na própria Juliana entra em cena para ajudar os demais personagens a resolverem problemas e aprenderem de forma divertida e afetiva. “Não é um desenho para crianças com autismo, é para toda criança que precisa aprender algo novo. O olhar diferenciado, o respeito que a gente tem com essa criança, com a individualidade. Não só com a criança, mas com a história dela, com a família dela. Então, isso é muito mais do que técnica, é muito mais do que teoria”.
O desenho, que será lançado em 15 de julho, representa o ápice de uma trajetória construída com sensibilidade, conhecimento e propósito. Para Juliana, o verdadeiro diferencial não está no currículo, mas no coração. Com o olhar voltado à inclusão e à transformação social, Juliana Barbato segue como referência na área do desenvolvimento infantil no Brasil e agora, também como criadora de uma ferramenta acessível e inovadora que promete tocar gerações. “Conhecimento está aí para qualquer um. O que impacta a vida das pessoas é o amor, o respeito, a empatia e a compaixão. Esses são os meus maiores valores.”









