Camile Pasquarelli é um exemplo vivo de transformação e ressignificação de carreira. Formada em Medicina Veterinária, ela nunca imaginou que a maternidade e a comunicação digital se tornariam os eixos centrais da sua vida profissional, já que seu atual perfil, batizado de Inspire Outras, começou como um diário ilustrado, com poesias autorais e reflexões sobre autoestima.
“Minha página no Instagram nasceu em 2018 como um espaço de ilustração e poemas para inspirar mulheres, principalmente num momento difícil, depois de um término com meu atual marido”.
A virada aconteceu em 2020, quando, durante a pandemia, Camile engravidou do seu primeiro filho, Bento, e neste mesmo período, ela retomou o relacionamento com Daniel, hoje seu marido, e o conteúdo da página mudou drasticamente.
“Perdi muitos seguidores no momento em que comecei a mostrar minha vida pessoal e falar sobre maternidade, mas também ganhei outros que se identificaram com essa nova fase. Hoje o nome continua sendo Inspire Outras porque, de alguma forma, sigo inspirando mulheres, só que de uma maneira diferente”.
Criada em Santa Branca, uma pequena cidade do interior paulista com cerca de 10 mil habitantes, Camile cresceu em meio a animais, o que influenciou sua escolha inicial pela Veterinária. Apesar de ter se especializado em aves e animais silvestres, ela confessa que não pretende voltar à profissão.
“Meu pai era caminhoneiro e tirava leite na fazenda onde morávamos. Sempre amei os animais, porém percebi que trabalhar com eles era também trabalhar com seus tutores, o que não me encantava tanto, então gosto de pensar que o conhecimento adquirido na faculdade foi um aprendizado para a vida”.
Hoje, mãe de três filhos pequenos, Bento, Francisco e Estela, Camile divide o tempo entre a criação das crianças, a produção de conteúdo e o cuidado com a exposição da família nas redes sociais. Essa postura cuidadosa faz com que o público a reconheça por mostrar o lado saudável e respeitoso da maternidade.
“Meu maior desafio é conciliar minha vida pessoal com a profissional. Me preocupo muito em não expor meus filhos em situações de vulnerabilidade e já recusei trabalhos que exigiam a participação deles. Cada conteúdo que envolve as crianças passa por alvará e juiz, justamente para garantir a segurança deles”.
Além das redes sociais, Camile também mergulhou no universo dos podcasts. Ela comanda o projeto Quem Paga a Pata, ao lado de uma amiga de longa data. O próximo passo? Captar patrocinadores para viabilizar essa expansão.
“É um espaço para contar histórias reais de mulheres reais, sempre com muito humor. Nosso sonho é um dia ter um estúdio próprio, receber convidadas presencialmente e melhorar nossa estrutura. Por enquanto, gravamos no sofá da minha sala, porém com muito carinho e microfones de qualidade”.
Ao olhar para trás, ela sente orgulho da sua trajetória e, em processo de terapia, destaca a importância de valorizar a própria história.
“De tudo que eu já fiz, tenho muito orgulho de ter me adaptado às fases da vida. Me formei, trabalhei, mudei de sonho quando precisei, fui mãe sem saber nada de maternidade, e estou aqui, aprendendo a me orgulhar de mim mesma. Hoje eu agradeço a todos os caminhos que me trouxeram até aqui, e tudo fez sentido no seu tempo.”
