
O Carnaval de São Paulo se prepara para um marco histórico em 2025 com o enredo “Muito Além do Arco-Íris”, da escola de samba Estrela do Terceiro Milênio. Em uma celebração inédita da luta LGBT+, a agremiação trará um espetáculo que mistura história, arte e ativismo na avenida. Dentro desse grande manifesto contra a LGBTfobia, um dos destaques será a participação do estilista, produtor e ativista Heitor Werneck, que assina a concepção de uma ala dedicada ao fetiche e à diversidade de expressões de gênero e sexualidade.
Conhecido por seu trabalho pioneiro na moda alternativa e no universo fetichista, Heitor Werneck promete levar para o Sambódromo do Anhembi uma ala que desafia estereótipos e enaltece a liberdade de expressão. A proposta é resgatar a importância da cultura fetichista dentro da comunidade LGBT+ e do próprio Carnaval, reconhecendo sua influência estética e simbólica na construção da identidade queer.
“O fetiche sempre esteve presente na arte, na moda e até na própria folia. É uma forma legítima de expressão, que deve ser respeitada e celebrada”, afirma Heitor. “O Carnaval é um espaço de liberdade e resistência, então trazer essa representatividade para a avenida faz todo o sentido.”
A ala desenvolvida por Werneck não será apenas um espetáculo visual, mas também um tributo à resistência de diversas identidades dentro da comunidade LGBT+. Inspirado em movimentos históricos como a cena clubber, a estética do ballroom e a cultura leather, o segmento trará fantasias impactantes, com materiais e adereços que fazem referência ao universo fetichista – tudo dentro do conceito artístico do enredo, que percorre séculos de lutas e conquistas da população queer.
Murilo Lobo, carnavalesco da Milênio, destaca a importância de abordar esse tema na avenida: “O Carnaval é um ato político e precisamos mostrar todas as faces da diversidade. O fetiche faz parte da cultura LGBT+ e precisa ser retratado com respeito e autenticidade.”
A decisão de incluir uma ala voltada ao fetiche reflete o compromisso da Milênio com a inclusão e a representatividade. Além do brilho e da performance dos integrantes, a proposta também visa provocar reflexões sobre preconceitos e estereótipos que ainda cercam essa temática, tanto dentro quanto fora da comunidade LGBT+.
Heitor Werneck, que há décadas atua na cena underground paulistana, reforça: “O Carnaval sempre foi um espaço de vanguarda, de resistência. É um momento de colocar em pauta aquilo que muitas vezes é marginalizado e mostrar que a diversidade precisa ser respeitada em todas as suas formas.”
A Estrela do Terceiro Milênio desfilará no Grupo Especial do Carnaval de São Paulo no dia 1º de março, às 3h55. Com um enredo que passeia pela história da comunidade LGBT+, a escola promete uma apresentação emocionante e combativa, reafirmando o papel do samba como uma das maiores manifestações culturais e políticas do país.
Com a participação de figuras icônicas da luta LGBT+, como Salete Campari, Rodrigo Rodrigues, McTrans e Eva Peron, além da aguardada ala do fetiche de Heitor Werneck, o desfile da Milênio tem tudo para entrar para a história como um dos mais marcantes do Carnaval paulistano.