Em meio ao silêncio solene da Basílica de São Pedro, uma figura pequena e comovente atraiu olhares: uma religiosa de idade avançada, mochila nos ombros e lágrimas no rosto, caminhava com passos firmes em direção à despedida. Era Irmã Geneviève Jeanningros, 88 anos, uma mulher que dedicou quase seis décadas de sua vida a servir os mais pobres nas ruas de Roma — e que naquele dia quebrou o protocolo para prestar sua última homenagem a um velho amigo: o Papa Francisco.
Sem estar na lista de convidados, sem convite oficial e sem aviso, ela entrou. Não com autoridade, mas com amor. Não com palavras, mas com presença. A amizade entre ela e Jorge Mario Bergoglio nasceu de encontros simples, conversas sinceras e de uma caminhada comum: levar consolo aos esquecidos, lutar por uma Igreja mais humana, mais próxima dos que sofrem.
A presença de Irmã Geneviève naquele momento solene não era prevista, mas dizia mais do que mil discursos. Ela não era uma autoridade da cúria, mas representava com sua simplicidade o rosto mais genuíno da fé: aquele que se faz carne entre os pobres e se torna ponte entre o céu e a terra.
Durante 57 anos vivendo em Roma, ela esteve ao lado dos marginalizados, cuidando de quem ninguém via. E foi nesse caminho que encontrou Francisco, com quem compartilhou sonhos e esperanças. Com ele, aprendeu que amar é mais importante do que seguir regras. Com ela, ele viu o rosto de uma Igreja que se inclina para servir.
Na despedida, ela não chorou apenas um Papa. Chorou um irmão de missão, um amigo de alma, um companheiro na fé. Sua presença simples e autêntica foi talvez o maior tributo ao legado de Francisco: uma Igreja viva, aberta, que acolhe, consola e ama.
