Manu Gavassi é a convidada da apresentadora Mari Palma no programa “Na Palma da Mari”, que será transmitido nesta quinta-feira, 23, às 20h, no canal da CNN POP no You Tube.
A seguir, alguns destaques do que a cantora, compositora e atriz falou:
Crítica consigo mesma
“Às vezes eu acho que sou muito crítica e me atrapalha. Eu sou muito crítica comigo mesma, com o que eu posso e o que eu não posso fazer. Acho que é uma coisa de controle que eu sempre tive e que eu tento hoje, com muita terapia, abrir mão um pouco. Eu tento muito ser vulnerável, mas ainda tenho comigo mesma um senso crítico que me machuca, que me cobra mais do que deveria, que me impede de estar satisfeita comigo mesma”
“Até cerca de três anos atrás, nem conseguia assistir a entrevistas minhas, por exemplo. Agora consigo, até falo que legal isso que eu fiz, dei meu melhor e ficou registrado, mas não era tranquilo. E se entrasse num lugar e estivesse tocando minha música, a minha vontade era sair correndo”
“Esse medo de errar é porque sempre estive em um ‘tribunal’. Eu comecei no Twitter, lembro que o Lucas, da Fresno, falava: ‘você era a menina que tinha uma legião de fãs nas redes sociais, a gente olhava pra aquilo e falava ‘que louco!’’. Mas junto com isso vem muito julgamento. Eu normalizei muito desse julgamento, mas internalizei também, na mesma medida. O medo de errar me tirar o sono porque eu sei o que é ser julgada, não sei o que é não ser na minha profissão. Não sei o que é lançar uma música e tá tudo bem. Nunca tá tudo bem. Sempre tem um barulho muito alto de quem gosta de você e um barulho muito alto de quem te odeia. Mas somos humanos e sempre vamos ligar mais pro barulho de quem odeia. Isso apavora, isso paralisa.”
“Hoje eu tenho certeza que mais do que absoluta que só tá começando minha felicidade, que dos 30 aos 40 eu vou brilhar! E eu me sinto mais eu, me sinto mais bonita, me sinto mais preparada até com esse monte de medo que eu tenho, me sinto mais preparada para olhar esses medos de frente. Tenho medo mesmo, de errar e de ser julgada. Mas acho que só de falar isso não vira um monstro. E até na vida pessoal, estar com um cara tão legal e fazer planos com ele, acho que tudo na minha vida tá num lugar mais calmo. Eu sempre vivi com o caos, com essa coisa do imediatismo, de ‘preciso fazer dar certo’ e até deixava minha vida pessoal pra depois. E hoje acho que consigo equilibrar melhor o que me faz feliz”.
Medo de envelhecer
“Não tenho nenhum medo de envelhecer porque acho que só tá ficando melhor. Hoje não estou mais aprisionada numa ideia que as pessoas têm sobre mim, ou numa ideia que as pessoas têm sobre sucesso, até na minha indústria tem muito isso. Ter sucesso é ser gigante. Eu sempre acreditei nisso, e metade das minhas frustrações era não corresponder a essa grandeza. E hoje me pergunto ‘será que tô querendo uma coisa que nem quero?’. E essa compreensão vem com o amadurecimento, vem com o tempo. Eu quero ser cada vez mais aberta pra aprender, eu gosto muito de me sentir inteligente, de aprender sobre um assunto e poder falar sobre ele. Esse processo me fascina mais do que aquela prisão da imagem e da beleza da mulher jovem, isso nunca me encantou.”
BBB
“Acho que entrar para o BBB foi o grande ato da minha jornada até agora. Todo mundo devia passar por isso. Não dá pra ter noção do que é se você não for. Você pode assistir ao pay per view, pode assistir. Não dá pra ter noção do que é um confinamento total, do que isso faz com nosso cérebro. É muito louco. Comecei pensando que queria sair, mas lembrava dos vídeos que tinha deixado. No meio, tava curtindo e parecia que os outros brothers eram meus únicos amigos na face da terra. No fim, eu já não queria sair. Pensava ‘como era eu trabalhando?’, ‘tô esquecendo o rosto dos meus pais’. É muito louco”
“Eu fiz uma promessa comigo mesma enquanto ainda estava no BBB. ‘Nunca quero esquecer o quão difícil foi estar aqui, não quero normalizar nunca’. E eu dei sorte porque fui numa edição com pessoas muito legais e muito inteligentes, ouso dizer que foi uma das melhores edições de elenco feminino. Então eu realmente fiz muitos amigos e realmente gostamos de dividir aquela experiência. Era a nossa grande comunidade hippie, praticamente o programa inteiro contra Babu e Prior. Quando me senti acolhida, parei de querer sair, foram as pessoas que me fizeram querer ficar”.
“Eu não tenho problema nenhum de falar que eu tinha um plano e foi por isso que eu entrei no BBB. Queria melhorar a minha carreira, a percepção externa ao meu respeito. E esse plano foi muito bem-sucedido, mas era um plano. Fiz roteiro e direção dos meus vídeos, então as palavras cabiam na minha boca, a ‘personagem’ era a mesma – eu – então acho que as pessoas esquecem que eu não contratei uma equipe para fazer isso e por acaso deu certo, o roteirista arrasou. Não, era eu, por isso deu certo. Então acho que o que não dá certo é você tentar ser nas redes sociais algo que claramente você não vai ser lá.”
“Depois que saí do BBB comecei a me sentir sempre em dívida. Me sentia devendo conteúdo, devendo vida pessoal, devendo a próxima ideia genial, devendo muito sucesso. Então sentia que era desconfortável viver porque devia para as pessoas coisas que não estava conseguindo fazer. Eu tava com medo, triste, tentando entender o que era a pandemia, grandes projetos não nascem de uma hora pra outra. Tudo me apavorava muito, e acho que a expectativa das pessoas fez com que eu tivesse a mesma expectativa. Aí decidi me afastar um tempo das redes. Não foi algo planejado.”
Noivado
“Eu entro no uber e falo ‘oi, tudo bem? Tô noiva!’. É emocionante. O que acho mais legal é que ele é uma pessoa que é tão natural de fazer parte da minha vida. A gente não expões a nossa relação, mas não tenho nenhum problema de falar dele, porque faz muito parte até desse meu processo de amadurecimento, de estar com alguém legal, alguém que eu confio, alguém que é meu parceiro mesmo.”
