
O recém-eleito sucessor de Pedro surpreendeu o mundo católico ao escolher o nome Leão XIV, uma decisão que vai muito além de uma simples homenagem histórica. Segundo explicou Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, a escolha é carregada de simbolismo e conecta diretamente o novo pontificado à tradição da doutrina social da Igreja, iniciada com a histórica encíclica Rerum novarum, de Leão XIII, publicada em 1891.
“A escolha do nome Leão XIV é uma referência inequívoca à moderna doutrina social da Igreja, inaugurada com a Rerum novarum, escrita por Leão XIII à época”, afirmou Bruni durante coletiva de imprensa com jornalistas credenciados no Vaticano. Para ele, a decisão do novo pontífice representa um gesto consciente e profundamente significativo, que retoma o compromisso da Igreja com os temas sociais, especialmente em um tempo marcado por rápidas transformações tecnológicas.
Bruni reforçou que a escolha do nome não é neutra ou meramente casual. “É uma evocação direta do compromisso da Igreja com mulheres, homens, seus trabalhos e os desafios enfrentados pelos trabalhadores, especialmente em tempos de inteligência artificial”, disse o porta-voz.
A referência ao atual contexto tecnológico também estabelece uma ponte direta com o pontificado de Francisco, que teve papel ativo nos debates globais sobre ética digital. Em junho do ano passado, durante a cúpula do G7 na Itália, Francisco tornou-se o primeiro papa a discursar no encontro de líderes das maiores economias do mundo, onde defendeu o uso ético e responsável da inteligência artificial. Sua mensagem foi clara: o desenvolvimento tecnológico deve sempre respeitar a dignidade humana.
Com Leão XIV, a Igreja parece dar continuidade a esse legado, apontando para um novo capítulo em sua missão social — agora voltada para os desafios emergentes do século XXI. Especialistas acreditam que seu pontificado poderá marcar uma nova fase na atuação da Igreja, centrada no trabalho humano em tempos digitais, na justiça social e na ética aplicada às novas tecnologias.
A escolha do nome, portanto, não apenas resgata a memória de um pontífice marcante do século XIX, como sinaliza os rumos que o novo papa pretende seguir: uma Igreja presente nas questões centrais da sociedade contemporânea, dialogando com o progresso, mas sem abrir mão de seus princípios.