Entrevista exclusiva
A abertura do Festival de Cinema do RIO aconteceu no dia 05 de outubro e teve como pré estreia o filme tão esperado pelo mundo ” Meu nome é Gal”. Aqui segue um um papo gostoso com dois atores que fazem parte do filme.
Dandara Ferreira estreia no filme como Maria Bethânia
Além de dirigir “Meu Nome é Gal”, filme sobre a vida de Gal Costa que estreia nos cinemas de todo o Brasil em 12 de outubro, Dandara Ferreira faz uma participação como Maria Bethânia, outro grande ícone da Música Popular Brasileira.
Formada em Cinema pela FAAP (SP) e Mestra em Comunicação Social pela Universidade de Brasília (UNB), Dandara despontou para o grande público em 2017 quando dirigiu “O Nome dela é Gal”, documentário exibido pela HBO, também sobre Gal. Após o documentário, a confiança e proximidade
Entre as duas trouxe a ideia de trazer a vida da artista baiana para a ficção. Também formada em Teatro, o último espetáculo que Dandara atuou foi “Por que Hécuba” (2019) com direção de Márcio Meirelles no Teatro Vila Velha em Salvador, espaço coincidentemente inaugurado com o show
“Nós, por exemplo” que reuniu Gal, Caetano, Gil e Bethânia em 1964.
Os próximos projetos da diretora e atriz são o lançamento de um documentário sobre a não atuação do governo Bolsonaro durante a pandemia, abordando também a CPI da COVID, além de um projeto sobre Odair José, desmistificando o lado de cantor brega e mostrando o seu importante papel social e político durante a ditadura militar.
- Dandara, como foi sua amizade com a Gal e o que mais admirava nela.
Dandara: *A nossa amizade surgiu por causa do trabalho. Eu já admirava Gal desde sempre. Um dia a conheci num jantar na casa de Caetano, aos poucos a gente foi se aproximando. Aí surgiu a ideia do documentário e a gente ficou ainda mais próxima. Foi ali que surgiu nossa amizade, parceria que rendeu agora o filme. Sem dúvida, uma das coisas que mais admirava em Gal era a coragem. Ela sempre bancou suas posições, suas ideias. Enfrentou a ditadura, sempre foi a mulher que quis ser. É isso é de uma coragem gigante.
- Como foi estudar, pesquisar para interpretar tamanha missão em interpretar uma das melhores cantoras do mundo,
- Dandara: “Sem dúvida foi um grande desafio.
A escolha de eu interpretar a Bethânia veio de um olhar da atriz e diretora Chica Carelli. Chica atuou junto como comigo em “Por que Hecuba”, no Vila Velha, assim como Rodrigo Lelis, que interpreta o Caetano no filme. O Vila Velha foi o teatro onde Caetano, Gal, Bethânia, Gil, Tom Zé começaram, com o espetáculo “Nós, por exemplo”. Tínhamos todo o elenco do filme, mas faltava alguém com a essência da Bethânia, não só na questão física, mas na potência, no mistério que essa personagem tem. Num dia, no ensaio, - Chica, que também trabalha no filme, perguntou pela atriz que interpretaria Bethânia. Falei que ainda não tínhamos e ela olhou para mim e disse: “A Bethânia está aqui”. Relutei no início porque não me achava parecida e achava que não teria a dedicação para estudar essa personagem, dessa grandeza. Nos ensaios seguintes, eu comecei a fazer as falas da Bethânia. Foi o tempo para eu amadurecer internamente que talvez eu deveria interpretá-la. Eu sou baiana, conheço profundamente essa história e também seria uma forma de homenagear essa amizade entre Gal e Bethânia que foi tão importante para uma e para outra.”
- A escolha e convite até chegar em você no papel de Gal.
Dandara: “Nunca pensei que fosse parecida com a Bethânia jovem , nunca tinha reparado, só comecei a perceber depois que a Chica comentou comigo. O olhar, o porte físico, tem uma foto que meu pai até pensou que fosse eu. Mas durante a caracterização eu me impactei mais ainda, porque realmente fiquei muito próxima dela em todos os sentidos de como ela era na época, o cabelo, o nariz, coloquei uma prótese de nariz, sem falar que eu estudei muito pra isso. Eu queria trazer elementos dela, a forma de falar, de sorrir, sorriso aberto, ela se comunica muito pelo olhar.”
“Teve um filme que foi muito útil pra mim, um documentário Bethânia Bem de Perto – A Propósito de um Show , claro mas quando me vi ali pronta e me vi no espelho eu disse,: opa nasceu uma Bethania aqui”, conclui a atriz.
Rodrigo Lelis estreia no cinema como Caetano Veloso
O ator Rodrigo Lelis está ansioso com a sua estreia nas telonas interpretando Caetano Veloso, grande ícone da MPB e um dos personagens principais em “Meu Nome é Gal”.
Sophie Charlotte vive a estrela baiana da Tropicália e o elenco conta com nomes como Dan Ferreira (Gilberto Gil), Camila Márdila (Dedé Gadelha), George Sauma (Waly Salomão), Luis Lobianco (Guilherme
Araújo), entre outros. Dandara Ferreira, que também dirige o filme, interpreta Maria Bethânia e Fábio Assunção faz uma participação especial como um diretor de televisão.
Rodrigo Lelis é baiano, tem quase dez anos de carreira e é formado pela Universidade Livre do Teatro Vila Velha, espaço que em 1964 foi palco do show “Nós, por exemplo” inaugurando o local com Caetano,
Gal, Gil e Bethânia. O ator, que foi membro da Companhia de Teatro dos Novos, tem mais de vinte espetáculos teatrais no currículo e, pela sua atuação em “Osso”, foi indicado ao Prêmio Brasken 2019 como Ator Revelação. Em 2022 protagonizou o elogiado espetáculo “O Princípio de Arquimedes”, com direção de Djalma Thürler, onde deu vida a um professor de natação acusado de assédio infantil.
No audiovisual Rodrigo também participou de “A Matriarca”, longa de Lula Oliveira com argumento em conjunto com Manuela Dias (“Amor de Mãe” e “Todas as Flores” da TV Globo), que tem previsão de estreia nos cinemas para 2024.
Atualmente o ator está gravando “Guerreiros do Sol”, próxima série da Globo Play, de George Moura e Sergio Goldenberg com direção geral de Rogério Gomes, onde interpreta o Padre Bida, filho de Dona
Generosa (Marcélia Cartaxo), irmão do protagonista Josué (Tomaz Aquino) e de Arduíno (Irandhir Santos), o antagonista da trama.
Conheça mais o trabalho do ator:
- Como aconteceu o convite para fazer Caetano e qual foi o seu maior desafio. Como se sente ainda muito novo e talentoso com esse grande papel num filme super esperado.
Rodrigo : “O convite veio muito pelo olhar da diretora, atriz e amiga Dandara Ferreira, fizemos uma peça juntos em 2019 e foi ali que seu olhar veio até mim. Dandara estava passando férias na Bahia e foi convidada por Marcio Meirelles para integrar o elenco de Por Que Hécuba, uma peça linda, vencedora do prêmio Braskem de Teatro no mesmo ano. Meu personagem da peça era Hermes, um deus grego, que na adaptação contemporânea de Márcio, possuía cabelos descoloridos e óculos Juliete, eu entrava dançando funk e rebolando muito.
Não tinha nada de Caetano ali, mas Dandara conseguiu enxergar.
A experiência de fazer no cinema alguém vivo e tão marcante foi o maior desafio dentro desse processo. Senti o tempo inteiro uma responsabilidade enorme em estar vivenciando Caetano.
Me sinto muito honrado com os caminhos que tenho percorrido dentro da minha profissão, apesar de ser jovem, completo em 2024 dez anos de profissão, o que quer dizer tudo e ao mesmo tempo nada. Os melhores atores sempre me disseram que quando completamos 10 anos de profissão é aí que começamos de verdade a atuar.”, comenta.
- Como recebe as críticas e o que adquiriu de mais valioso em interpretar Caetano no filme.
Rodrigo: “A crítica faz parte do processo, ela inclusive aparece primeiro em nós atores. Dentro dos processos nos criticamos o tempo inteiro.
O que mais levei desse processo foi a descoberta de não precisar imitar nada para que se possa viver aquilo.”
- Gal e Caetano fazem parte da sua história e carreira. Já ouvia muito antes?
Rodrigo: “Gal e Caetano fazem parte da história de qualquer fã brasileiro, seja de trilhas de novela à escolha de uma música a ser ouvida. Mas depois desse processo, passei a ouvir e admirar ainda mais Gal, hoje a ouço com muita frequência, o que não acontecia antes”, finaliza o ator.