
Bruna Casadei, 47 anos, encontrou sua força não em um chamado precoce pela odontologia, mas no desejo inabalável de construir uma vida com liberdade e propósito. “Desde muito cedo, eu sabia que queria ser independente financeiramente, dona do meu próprio tempo e reconhecida pelo meu trabalho”, afirma. Inspirada pela mãe, uma engenheira mecânica que desafiou padrões em plena década de 1970, Bruna cresceu com o exemplo vivo de uma mulher firme, competente e livre, valores que moldariam toda a sua trajetória.
A escolha pela odontologia não veio de uma paixão adolescente por bocas ou sorrisos. “Não tem muito romantismo na minha escolha, não. Eu escolhi medicina e odonto porque eram os cursos mais difíceis da área biológica. Era uma escolha segura.” O interesse genuíno, no entanto, nasceu na faculdade, sob a pressão de um professor exigente, aquele tipo que intimida e, sem saber, planta vocação.
A vida profissional começou em ritmo frenético: “Trabalhava em nove lugares, tinha um carro que mal conseguia manter e passava apertos financeiros mesmo já sendo mestre e especialista.” Em meio a essa maratona, Bruna enfrentou seu maior desafio: um burnout que, em 2007, ainda não tinha nome. “Fiquei cinco noites sem dormir. Tive sintomas gravíssimos de ansiedade, insônia, depressão e desânimo. Foi desesperador.”
O recomeço veio da dor. Incentivada pela irmã, Bruna buscou ajuda psiquiátrica e fez um curso de autoliderança. Foi quando percebeu: “A postura profissional é tão importante quanto a técnica. A técnica eu já tinha, mas não tinha o retorno.” Ela aprendeu a grande importância de se comunicar bem, de transmitir a importância e o valor dos procedimentos e, principalmente , a ouvir. “Hoje, minha carreira é sustentada por uma comunicação ética, firme e empática. É sobre presença e posicionamento.”
Atualmente, Bruna lidera uma equipe de ensino com um dos maiores números de alunos de pós-graduação em endodontia do Brasil, atende exclusivamente pacientes particulares e ensina o que viveu: constância, paciência e ética. “Sou chamada em congressos não só para falar de canais calcificados, mas de postura profissional. Porque é isso que transforma um bom técnico em um profissional inesquecível.”
E mesmo no auge, Bruna sabe que o equilíbrio exige vigilância diária: “O burnout bate à porta o tempo todo. Aprendi a dizer ‘não’ até para coisa boa. Como diz Steve Jobs: foco não é dizer ‘sim’, é saber dizer ‘não’ para muitas ideias boas.”
Ela conta o que mais a emociona em sua trajetória: “O retorno dos meus alunos. Quando me dizem que sou uma inspiração, isso mexe comigo. E, claro, a confiança dos meus pacientes e a liberdade financeira que conquistei. Porque não existe liberdade sem autonomia.”