
Falar sobre crise climática nas redes sociais não é tarefa fácil. Entre termos técnicos, distanciamento do cotidiano e o excesso de catástrofes noticiadas, a pauta ambiental muitas vezes assusta ou afasta. Mas Gabriel Ferri, geógrafo de 27 anos, resolveu seguir o caminho inverso: tornar a sustentabilidade compreensível, cotidiana e real.
Criado no interior de São Paulo e formado pela Universidade Federal de Uberlândia, ele usa sua vivência prática com a terra e o cultivo para traduzir o ambientalismo em algo que cabe no prato, no bolso e na vida de qualquer um.
Isso se materializou durante a pandemia de Covid-19. Exatamente em abril de 2020, Gabriel criou o perfil “Planeta Pós-Pandemia” no Instagram, inicialmente como um hobby. A ideia era simples: refletir que tipo de mundo estaríamos construindo após um marco tão traumático e profundo. Aos poucos, a página cresceu, a linguagem amadureceu e o que era um canal de denúncias virou um projeto sólido de educação ambiental multiplataforma. Hoje, o Planeta é uma startup em processo de aceleração e internacionalização.
“Sempre achei que sustentabilidade não precisava ser algo distante ou técnico. A gente se relaciona com o meio ambiente todos os dias, desde a hora que consome até o lixo que descarta. É disso que eu falo, de um jeito direto e fácil de entender”, explica Gabriel.
Com passagens por projetos como o Tamar, experiências em comunidades da Colômbia, estágios em consultorias e museu de rochas e minerais, Gabriel acumulou conhecimento de campo. Mas foi nas redes que ele percebeu seu verdadeiro diferencial e entendeu que falar difícil não educa. Por meio de vídeos, publicações e projetos digitais, ele simplifica relatórios complexos do IPCC e temas como ESG, trazendo-os para o vocabulário das ruas e para as decisões do dia a dia.
“Meu sonho não é que o Planeta Pós-Pandemia dê certo. Meu sonho é que a educação ambiental dê certo. Que o Brasil leve isso a sério, que os jornais entendam que calor extremo não é meme, e que a gente consiga discutir o futuro do planeta no mesmo tom que se fala de economia ou política”, afirma.
Hoje, Gabriel é agente do Verificado da ONU, pós-graduando em ESG pela FGV e caminha para se tornar uma referência nacional quando o assunto é comunicação ambiental com propósito.
Gabriel reforça a importância de manter a confiança no próprio caminho. Para ele, autenticidade e consciência são mais valiosas do que seguir fórmulas prontas. “Se você não respira a sua autenticidade, não traz isso pro seu trabalho, talvez aquilo também não vá dar certo”, afirma.